Cidades

Pacientes sofrem para conseguir uma cirurgia de coração no Hospital de Base

Morosidade no atendimento do Hospital de Base do DF, responsável por procedimentos coronarianos, preocupa quem precisa de marca-passo. Fila cresce e riscos, também

postado em 11/01/2012 07:53
Maria Gomes dos Santos, Eliane Palmeira de Oliveira, Juraci Miranda e Maria de Lourdes de Araújo: drama da espera sem previsão
A angústia de pacientes com problemas cardíacos que aguardam uma cirurgia para a colocação de marca-passo continua no Hospital de Base. O contrato de fornecimento de um dos modelos do equipamento está vencido desde o fim de novembro do ano passado. A compra de materiais, de forma emergencial, tem sido realizada pela Secretaria de Saúde, mas a quantidade não é capaz de suprir a demanda. Atualmente, cerca de 10 pessoas aguardam na fila. À espera pela troca do equipamento, um homem morreu, em 22 de dezembro. Familiares temem que a mesma coisa ocorra caso os pacientes não sejam operados.

A dona de casa Eliane Palmeira de Oliveira, 48 anos, acompanha a tia Carmelita Palmeira da Silva, 74, internada há 17 dias. ;A família inteira está muito revoltada com o descaso do governo. Esperamos por um milagre. Estamos nas mãos de Deus e dos médicos, que querem ajudar, mas não há aparelhos;, desabafou. Segundo ela, Carmelita sofre com o entupimento de uma veia do coração. ;Era para ela ter sido operada na segunda-feira passada, porque é a próxima da lista, mas nada aconteceu. A nova previsão é que seja operada na quinta-feira (amanhã);, contou.

O Hospital de Base do DF é responsável pelas cirurgias da rede pública. Lá, são realizados de 40 a 50 procedimentos por mês. Em 8 de dezembro, o Correio contou o drama de pacientes que aguardavam na fila. À época, a Coordenação de Cardiologia da Secretaria de Saúde informou que houve um problema de importação com um dos modelos de marca-passo e, em função de critérios e protocolos estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde para a compra do dispositivo, o processo é mais difícil. Em decorrência disso, os pacientes seriam encaminhados para o Instituto de Cardiologia do DF e não haveria mais fila, mas o número de candidatos a consultas aumenta a cada semana. A cirurgia é simples e a internação não deveria passar de 48 horas. Mas, com a falta dos equipamentos, a permanência no hospital passa dos 10 dias, o que debilita ainda mais a saúde dos enfermos.

Compra emergencial

Com o marca-passo provisório, José Antônio dos Santos, 72 anos, aguarda a troca desde o dia 3 deste mês, quando foi internado. A mulher, Maria de Lourdes de Araújo, 60, acompanha ansiosa a recuperação dele. ;Ele está com o coração falhando e falam para a gente que não há previsão para a cirurgia. Ele trabalhou tanto na vida e, quando precisa da ajuda do governo, não tem. Onde está a saúde pública?;, indagou.

Os dramas são sempre parecidos. Maria Gomes dos Santos, 62 anos, diz apelar ;a Deus; para salvar a irmã, internada desde 28 de dezembro. ;Ela veio para trocar o equipamento, este será o terceiro. Era para ter sido trocado em 9 de dezembro. O aparelho dela está no fim e o marca-passo não sai. As pessoas estão morrendo.; Drama parecido vive o lavrador Juraci Miranda Lacerda, 39, que veio de Pilão Arcado, no interior da Bahia, e trouxe o pai, Teodoro Lopes Miranda, 75, para colocar o aparelho. Há 17 dias, eles aguardam o procedimento no pronto-socorro do hospital. ;Eles estão empurrando com a barriga. É muito difícil ficar no hospital com uma pessoa desse jeito;, contou. Juraci passa as noites em uma cadeira, ao lado do pai, ou dorme de favor na casa que a filha divide com uma amiga. ;Da Bahia para cá, gastamos mais de R$ 2 mil. As despesas são muitas. Os médicos dizem que não tem o aparelho e ninguém toma providência.;

Em nota, a Secretaria de Saúde, por meio da Coordenação de Cardiologia do Hospital de Base, informou que seis pacientes estão internados na Emergência do hospital. O órgão garantiu que uma compra emergencial do aparelho foi realizada e a previsão é que até o fim desta semana todos sejam operados. Segundo a secretaria, as cirurgias também são realizadas no Instituto de Cardiologia.

GDF contrata pessoal

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal está admitindo médicos, técnicos em enfermagem e técnicos em saúde, por meio de contratos temporários de seis meses, prorrogáveis por mais seis. Será oferecida a opção para 20 ou 40 horas semanais. Nesse último caso, a remuneração será de R$ 14.248,58 (médicos); R$ 5.344,96 (especialista em perfusão); R$ 3.166,66 (técnico de laboratório/hematologia e hemoterapia) e R$ 2.834,91 (técnico de enfermagem). A inscrição será feita somente de forma presencial, com a entrega do currículo, entre os dias 16 e 27 deste mês, das 9h às 17h, na Gerência de Planejamento, Seleção e Provimento da Subsecretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, situada no Setor de Áreas Isoladas Norte (Sain), Parque Rural Estação Biológica, subsolo ; antigo prédio da Câmara Legislativa.

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