Cidades

Mesmo com taxa de desemprego em baixa, oferta de vagas está longe do ideal

postado em 12/01/2012 08:14
Oferecer mais oportunidades de qualificação e ampliar o acesso às vagas são os desafios impostos ao governo e aos empregadores. O combate à discriminação na escolha dos candidatos também precisa ser discutido. Além disso, maior diversidade na economia local, com a industrialização do Entorno e incentivos na área de tecnologia, educação e saúde, ajudaria a oxigenar o mercado de trabalho do Distrito Federal. Do lado de quem aguarda uma chance, especialistas ouvidos pelo Correio ao longo da série iniciada no último sábado orientam investimento em formação e persistência na procura.

Em entrevista exclusiva, o secretário de Trabalho do DF, Glauco Rojas, reconhece que a menor taxa de desemprego dos últimos 20 anos ainda está longe do ideal. Para enfrentar o problema, o governo beneficiou 2 mil pessoas, em 2011, no programa Qualificopa. Com a ousada meta de qualificar 10 mil pessoas por ano, o secretário afirma que a cidade terá um ;choque de qualificação;.

Todos os dias, a Secretaria de Trabalho atualiza as vagas de emprego. Ontem, havia 335 disponíveis. O setor que mais emprega é o de serviços. Cerca de 80% das oportunidades que surgem são preenchidas por candidatos com nível fundamental e médio. Para concorrer a uma vaga, o interessado pode se cadastrar no portal maisemprego.mte.gov.br ou ir a uma agência do trabalhador ; são 18 em todo o DF. Endereços e telefones de cada uma delas constam no site .

Entrave
O economista Júlio Miragaya reforça a necessidade de diversificar o setor produtivo. ;A situação de Brasília é desafiadora;, diz. Resolver a pressão exercida pelo Entorno é outro entrave para o desenvolvimento. A precariedade na infraestrutura dificulta a atração de empresas para a região, com posição geograficamente estratégica e próxima a um potencial mercado consumidor.

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) revela que o mercado de trabalho do DF apresenta sinais de discriminação. Os maiores índices de desocupados são associados a negros, jovens, pobres e mulheres. ;A taxa de desemprego não mede somente a eficiência da economia, é também o retrato de uma sociedade;, argumenta o sociólogo e analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Daniel Biagioni.

Os mecanismos de discriminação no Brasil, acrescenta o sociólogo com mestrado em questões raciais, são sutis. As políticas públicas, defende Biagioni, precisam estar em sintonia com os números da PED e o que eles revelam. A discriminação não explica todos os problemas do mercado de trabalho local, mas culpar os desempregados por não serem qualificados pode confirmar, em muitos casos, na avaliação do analista, como o preconceito é explícito.

Dicas

Estou desempregado. O que fazer?

; Aproveite o tempo livre para se capacitar. No mercado, há disponibilidade de cursos com custo baixo ou mesmo gratuitos. Dicas de lugares onde procurar opções: Secretaria do Trabalho, Sebrae, Universidade de Brasília, Fecomércio, Fibra e empresas de recursos humanos.

; Não tenha vergonha de falar que está desemprego e pedir ajuda. Mantenha uma rede de contatos com amigos, familiares e conhecidos que possam abrir portas.

; Cadastre-se gratuitamente em sites de recursos humanos e bancos de dados de empresas. Grande parte das seleções, atualmente, começa pela internet, e não mais fisicamente.

; Procure traçar um objetivo, mesmo que ele não seja muito específico. Identifique suas habilidades e vá ao encontro de oportunidades que tenham a ver com elas. Ainda que a falta de trabalho traga certo desespero, é importante levar em conta que o mercado não aceita bem quem topa qualquer coisa.

; Convença-se de que o início da carreira pode não ser o dos seus sonhos. Na maioria dos casos, por exemplo, os primeiros empregos não oferecem os melhores salários. Quem sabe começar por baixo tende a crescer mais rápido profissionalmente.

Fonte: Carmem Cavalcante, psicóloga e mestre em desenvolvimento de recursos humanos

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