Na última quarta-feira (11/1), por volta das 20h, 21 pessoas prestaram queixa na 35; DP (Sobradinho 2) contra um segurança acusado de estelionato. Ele teria cobrado entre R$ 4 mil e R$ 5 mil por vagas de vigilante em terras no Polo de Cinema. Por quatro meses, ninguém recebeu o salário de R$ 1.250 ; prometido pelo suspeito ; e logo os trabalhadores desconfiaram de fraude.
O suspeito trabalha na Vip Segurança como vigilante e teria usado o nome da empresa para fingir ser gerente e cobrar taxas de contratação. Ele disse, em depoimento, que trabalhava com 36 pessoas, mas até 50 podem ter sido enganadas, segundo o delegado Rogério Henrique Oliveira. Ao todo, o acusado deve ter levado, no mínimo, R$ 200 mil, calcula Oliveira.
Uma dessas supostas vítimas foi Jonas*, 33 anos. Ele conta que entregou R$ 5 mil em espécie nas mãos do acusado na última terça-feira (10/1) e esperava começar o trabalho nesta quinta-feira (12/1). Quando soube que a vaga não existia, ficou transtornado. "Ele precisa devolver essa dinheirama agora", protestou.
O acusado, segundo o policial, defendeu-se dizendo ter contratado as pessoas para trabalhar em uma terra particular -- e que recebia, do dono do terreno, R$ 78 mil por mês para cuidar da segurança e pagar os vigilantes.
O suspeito está sob investigação e não chegou a ser preso porque não foi pego em flagrante e se apresentou à delegacia espontaneamente. Ele não atendeu às ligações feitas pela reportagem do Correio.
* Os nomes são fictícios a pedido das vítimas.
Leia mais sobre o caso nesta sexta-feira (13/11), na versão impressa do Correio Braziliense.
O que diz a lei:
O Código Penal Brasileiro (Título II, Capítulo VI, Artigo 171) define o estelionato da seguinte maneira: "Obter para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento". Trata-se de crime ecônomico, segundo o texto. As penas são reclusão (de 1 a 5 anos) e multa.
Depoimento:
"Trabalhava em eventos como segurança antes de os colegas me falarem sobre essa vaga. Me pediram uma lista de documentos e entreguei. Meus próprios companheiros alertaram para o fato de que eu teria de pagar para ficar de vez com o emprego. Mas, nem se eu quisesse, teria como fazer isso. Trabalhei durante duas semanas e nunca recebi nem o vale-transporte e nem o tíquete-refeição. Como moro no Recanto das Emas, que é longe, e como tirava do bolso o dinheiro da passagem, resolvi sair. Tinha a promessa de receber o salário na quarta-feira (11/1) pela manhã. E, à tarde, o golpe estourou." (José, nome fictício)