postado em 13/01/2012 07:22
A chuva deu ontem uma trégua, mas os estragos registrados como consequência do grande volume de água que cai em janeiro continuam. Os motoristas enfrentam buracos nas pistas, alguns conhecidos de verões anteriores, mas outros problemas aparecem com as precipitações. Uma manilha da rede de esgoto se rompeu às 10h, interditou uma faixa da pista que liga a Ponte Costa e Silva à L2 Sul e interrompeu o tráfego em uma das faixas. Na Asa Sul, uma árvore caída há três dias incomoda os moradores. E no Lago Paranoá as comportas continuaram abertas para diminuir o nível do reservatório.
Enquanto isso, o excesso de buracos no asfalto brasiliense atrapalha e irrita os condutores. O administrador de redes Daniel Zamora, 42 anos, circula pelo Plano Piloto com frequência e revela indignação com os constantes problemas observados nas pistas do DF. ;Pouco adianta tapar um buraco quando a base e a área em volta também estão comprometidas pela infiltração. Com a continuidade das chuvas, é questão de dias para que surja outro buraco muito próximo ao primeiro;, avalia.
O governo adota a operação tapa-buracos para minimizar a situação. Mas o diretor de Urbanismo da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Erinaldo Sales, disse que os transtornos não serão mais resolvidos com medidas paliativas. A empresa levanta os pontos críticos do Distrito Federal. As pistas mais afetadas pelas chuvas ficam em Ceilândia, em Vicente Pires, em Taguatinga e no Plano Piloto. O problema também existe nas estradas parque Guará (EPGU) e Indústrias Gráficas (Epig), além dos eixinhos W e L.
;Estamos fazendo isso no período chuvoso para que, na estiagem, façamos as recuperações. Há 16 anos, a Novacap não comprava equipamentos para esses serviços. Em 2011, investimos R$ 8 milhões em máquinas e nos laboratórios de análises de qualidade dos pavimentos;, conta Erinaldo. Segundo ele, como o DF foi projetado para suportar 500 mil veículos e hoje há 1,3 milhão, o asfalto não aguenta o aumento de peso e de fluxo.
A umidade é inimiga do pavimento. Por isso, sistemas de drenagem eficazes são tão necessários para que o asfalto tenha durabilidade. O professor de engenharia civil da Universidade de Campinas (Unicamp) José Luiz Fuzaro explica que a primeira pergunta a ser feita para entender o surgimento dos buracos é sobre a idade do pavimento. ;A vida útil de um asfalto pode variar de 5, 10 ou 15 anos. Quando ele é recente, aparecem fissuras por falhas no projeto ou na execução dele ou no caso de o tráfego na via ter aumentado demais. De todo o jeito, o correto é que a manutenção seja feita para o pavimento não chegar a esse ponto;, enfatiza.
Árvore
No caso dos moradores da 407 Sul, a queda de uma árvore tem causado dor de cabeça. ;Estamos ligando há três dias para a Novacap, o Corpo de Bombeiros, todos os órgãos, ninguém resolve. A árvore caiu em cima do sistema de câmeras, estragou algumas lâmpadas, mas, enquanto não tirarem o tronco caído daqui, não podemos resolver isso;, contou o subsíndico do Bloco H, Silvane Dias da Silveira, 77 anos. A amoreira estava com raízes podres e parte delas havia sido cortada por empresas de telefonia.
Eu acho...
;Apenas neste mês, rasguei os pneus do carro três vezes em três buracos diferentes. Como está chovendo muito, eles ficam maquiados, escondidos. E não são pequenos ou recentes. O asfalto do Plano Piloto não presta também, está desmanchando e esfarelando a cada chuva. Moro aqui há 20 anos e é uma tristeza vez as mesmas crateras aparecendo ano após ano, mesmo com as infinitas operações tapa-buraco.;
Henry José Cambraia, 44 anos, gerente de loja
Disque-buraco
A Novacap criou um número exclusivo para denúncias de buracos, poda de árvores e manutenção de drenagem, como bocas de lobo. O telefone 3403-2626 funciona desde 19 de dezembro do ano passado, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h; e aos sábados, das 8h às 18h. O cidadão também pode procurar a administração regional de sua cidade, que repassa as demandas à empresa.