Cidades

Testes vão apontar os males do cigarro sobre frequentadores de bares no DF

Antonio Temóteo
postado em 13/01/2012 08:00
Roberto Carvalho, garçom, diz que não fuma perto do filho e da mulher
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) começou ontem a medir os níveis de monóxido de carbono oriundos da fumaça de cigarro em bares e restaurantes da Asa Sul. O trabalho faz parte do Estudo de Monoximetria Ambiental, patrocinado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que será feito também nas cidades de São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). Além de avaliar a qualidade do ar dos estabelecimentos, a pesquisa vai examinar a concentração da substância no corpo dos trabalhadores dos locais visitados.

A coleta de dados começou na noite de ontem, na 403 Sul. Os técnicos da secretaria visitarão 50 estabelecimentos, nas noites de quinta-feira a sábado, e pretendem avaliar 250 trabalhadores. Durante a pesquisa, serão usados dois aparelhos para verificar os níveis de monóxido de carbono nos ambientes fechados e abertos, bem como nos funcionários. A auditora de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde Mônica Mulser Parada explicou que o objetivo do estudo é avaliar o nível de contaminação por poluição tabagista e os riscos da exposição ao tabaco.

Mônica detalhou que a fumaça do cigarro contém 4.700 substâncias tóxicas e, dessas, 80 causam câncer. ;O monóxido de carbono diminuiu o nível de oxigenação no sangue porque é uma substância que se agrega às hemácias e pode levar até 48 horas para voltar ao normal. Além disso, os fumantes aspiram apenas 15% da fumaça produzida e os outros 85% se misturam ao ar. Esse é dos maiores fatores de poluição ambiental urbana;, completou.

Cuidados

O garçom Roberto Carvalho, 31 anos, é fumante, mas se sente incomodado por aspirar a fumaça do cigarro dos clientes do bar em que trabalha. Carvalho, que há 13 anos tem a mesma profissão, acredita que a pesquisa da Secretaria de Saúde é positiva e pode trazer benefícios para a categoria e à população. Segundo ele, seria necessária a proibição de se fumar em bares e restaurantes, mesmo em espaços abertos. ;Tenho o cuidado de não fumar perto do meu filho e da minha esposa. No bar, os fumantes sempre conseguem os melhores lugares e acabam incomodando quem não gosta de cigarros;, completou.

A estudante Natália Esteves Tabajara, 24 anos, é fumante e se sente vítima de preconceito por fumar em bares e restaurantes. Segundo Natália, ela toma o cuidado de se sentar em lugares abertos e o mais próximo da rua para que a fumaça não incomode outras pessoas ou até quem a acompanha. ;Acho que todo estabelecimento deveria ter uma área especial reservada para fumantes. Dessa forma, os problemas seriam muito menores;, disse. O estudante Felipe Vilela, 22 anos, também acredita que os fumantes deveriam ter uma área reservada. ;Não sou fumante, mas quem fuma é discriminado.;

Proibição

A Lei Federal n; 12.546, de 14 de dezembro de 2011, prevê a proibição do fumo em recintos fechados. Antes, a lei brasileira permitia o fumo desde que houvesse ambientes específicos. Algumas leis estaduais já haviam proibido o fumódromo. Desde que foi publicada, a restrição vale para todo o território nacional.

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