Cidades

Dados apontam que pelo menos 31 mulheres são agredidas diariamente no DF

Balanço da Polícia Civil revela 11.552 ocorrências registradas no ano passado de agressões cometidas por homens na capital federal, 8% a mais do que em 2010. Na última semana, 12 acabaram presos, sendo três por estupro

Roberta Machado
postado em 14/01/2012 08:00
Segundo a polícia, o gari Agnaldo Pereira dava preferência para mulheres de 18 a 30 anos
Pelo menos 31 mulheres sofrem agressões por dia no Distrito Federal. Dados da Polícia Civil revelam que 11.552 ocorrências referentes à Lei Maria da Penha foram registradas no ano passado. O número é 8% maior do que o registrado em 2010, quando houve 10.627 casos. Só na última semana, 12 homens acusados de cometer os mais diversos tipos de violência contra elas, entre eles três acusados de estupro, acabaram detidos. Um foi preso ontem, suspeito de atacar pelo menos nove vítimas no Recanto das Emas. Trata-se do gari Agnaldo da Silva Pereira, 23 anos.

Do total de mulheres violentadas por ele, segundo os investigadores da 27; Delegacia de Polícia, cinco compareceram à unidade e reconheceram o agressor. A prisão é fruto de investigação de dois meses, que recolheu depoimentos das vítimas e identificou o perfil do criminoso em 14 estupros cometidos no Recanto das Emas no último ano.

A Polícia Civil confeccionou o retrato falado do acusado a partir das descrições das vítimas e cruzou os depoimentos para encontrar um ponto em comum. ;A forma de ele agir era sempre muito parecida. Ele abordava a mulher, a levava para um local ermo e praticava a violência sexual. Depois, fumava um cigarro e voltava a estuprá-la;, detalhou a delegada-chefe da 27; DP, Cláudia Alcântara. Segundo ela, depois de atacá-las, ainda roubava os objetos das vítimas.

O gari dava preferência a mulheres de 18 a 30 anos. Geralmente, ele as abordava na rua, à noite, e as acusava de ter agredido uma amiga ou uma prima. Quando elas negavam a agressão, ele as levava para um local isolado, onde as ameaçava e cometia os abusos. Às vítimas, dizia que estava armado, mas a polícia não encontrou nenhum revólver ou pistola com ele. Ele negou o crime no início, mas depois admitiu ter cometidos alguns estupros.

Prisão domiciliar
Uma das vítimas mais recentes de Agnaldo compareceu à 27; DP na última quarta-feira para reconhecê-lo. A mulher, violentada em 1; de janeiro, confirmou que sofreu a abordagem de modo semelhante às demais vítimas do gari. ;Vi ele ao meu lado no ônibus, mas nem percebi que desceu comigo e foi me seguindo. Quando eu estava perto da minha casa, primeiro ele disse que era um assalto. Depois, veio com a história de que eu tinha batido na amiga dele. Quando vi, ele me levou para o matagal;, contou. ;Senti muita indignação, o meu medo é que ele começasse a matar. A minha revolta é muito maior do que meu trauma.;

Ao ser preso, Agnaldo cumpria pena em prisão domiciliar havia um mês por roubo. Ele responderá a processo por estupro e roubo qualificado. Cada uma das infrações pode render até 10 anos de detenção. Segundo a delegada Cláudia, ele deve passar por um exame psicológico durante o inquérito para aferir se sofre de algum distúrbio psicológico.

De dezembro de 2010 até hoje, houve 17 estupros no Recanto das Emas, três deles em 2012. Apesar de Agnaldo ser acusado por mais da metade desses crimes, a investigadora ressaltou que o gari ainda pode ter cometido outros estupros. ;Pode ser que ele tenha praticado crimes em outras regiões administrativas do Distrito Federal. Só vamos saber isso depois que o mostrarmos à população e outras vítimas comparecerem para fazer o reconhecimento;, explicou.

Colaborou Luiz Calcagno

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