Um golpe semelhante ao aplicado em Samambaia foi descoberto na Ponte Alta Norte, no Gama, onde uma área rural estimada em seis hectares foi desmatada pelo suposto grileiro José Maurício Ribeiro, 54 anos. No local, inclusive, já foram construídas algumas casas, que devem ser derrubadas pela Agência de Fiscalização (Agefis). Quando os agentes da Delegacia de Meio Ambiente chegaram ao local, no fim do ano passado, encontraram um tratorista abrindo a vegetação. Ele admitiu trabalhar para José Maurício, que permanece atrás das grades e possui uma extensa ficha criminal. São sete passagens por estelionato, a maioria por parcelar terras ilegalmente.
No escritório imobiliário do acusado, localizado na Quadra 1 do Setor Norte do Gama, os policiais encontraram centenas de escrituras de cessão de direito em nome de diferentes vítimas do golpe, todas falsas. ;Os documentos que encontramos eram referentes aos lotes grilados na Ponte Alta, um indício de que ele usava o estabelecimento apenas de fachada;, comentou o delegado Haílton Cunha. O suspeito ainda guardava seis mapas, usados para impressionar os interessados em morar na região.
Um lote de 800 metros quadrados, por exemplo, era anunciado por José Maurício por R$ 25 mil, bem abaixo do valor de mercado. As investigações consistem agora em saber se os compradores agiram de má-fé ao adquirirem os terrenos ou se realmente foram enganados.
As 258 pessoas lesadas pelos golpistas em Samambaia pretendem buscar a reparação do que perderam na Justiça. O auxiliar de serviços gerais Natanael Ribério Vieira, 40 anos, se inscreveu na Associação Monte Horebe há três, na esperança de sair do aluguel. Para receber um lote de 100m; no fictício Conjunto 2 da Quadra 201 de Samambaia, desembolsou uma entrada de R$ 3, 5 mil e, depois, ainda pagou mais de R$ 3 mil em taxas. ;Eles pediam R$ 500 para pagar a topografia, R$ 300 pelos documentos, entre outros. Eles falaram que era para manutenção. Se a polícia não descobre, eles iam continuar pedindo;, contou. ;É doído saber que suei tanto para juntar um dinheiro e comprar a casa própria e, agora, descobrir que fui enganado.;
O mesmo sentimento é compartilhado pelo técnico em eletrônica Alexandro Pereira Lima, 38 anos, que gastou, pelo menos, R$ 6 mil para obter um lote de 90m;. ;O último golpe que recebi foi agora, no fim do ano, quando deixei um cheque de R$ 300. Eles diziam que era para pagar a demarcação da área. É muito triste saber que fomos feitos de palhaços durante todo esse tempo.;
[SAIBAMAIS]O coronel Raimundo Nonato, diretor de Operações da Secretaria de Ordem Pública do GDF, explica que os fiscais da pasta agem com base em denúncias e informações coletadas durante as operações. ;Quando identificamos uma construção irregular, preparamos a ação de desocupação e erradicação. Se a residência estiver ocupada, às vezes, é necessário planejar a ação e pedir reforços;, explica. (HM e SA)
2,9 mil
Total de construções irregulares derrubadas pelo GDF em 2011