Cidades

Paralisação do metrô será apreciada na terça-feira pelo TRT da 10ª Região

Antonio Temóteo
postado em 16/01/2012 07:01
A greve está incomodando muito. Chego atrasada ao trabalho e, se for de ônibus, perco mais tempo. A melhor alternativa é o metrô, mas assim está péssimo
A greve dos metroviários será discutida, amanhã, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 10; Região. Hoje, às 15h, os servidores do Metrô do Distrito Federal se reunirão em assembleia, em frente ao Palácio do Buriti. No entanto, não há expectativa para que a maior paralisação da categoria já registrada no país seja encerrada. Os metroviários aguardam novas propostas da direção da companhia, que, por sua vez, só aceita discutir com a volta dos trabalhos normais. A greve foi iniciada em 12 de dezembro do ano passado e, nesta segunda-feira, completa seu 36; dia. ;Existe possibilidade de retorno, mas a condicionante é a negociação efetiva para a apresentação de proposta, o que, até agora, não surgiu;, afirma o coordenador-geral do Sindmetrô-DF, Israel Almeida Pereira.

O sinal sobre a falta de acordo desanima o brasiliense, refém do sistema de transporte da capital da República. ;Com a paralisação, os nossos horários ficam descontrolados. Os trens estão muito cheios, chego atrasado ao trabalho e perco a condução de volta para casa;, reclama o motorista Camilo Barbosa dos Santos, 52 anos, que mora na Cidade Ocidental (GO). Ele trabalha em um shopping no Guará e, quatro vezes por semana, vai até a Rodoviária do Plano Piloto de ônibus para chegar de metrô ao serviço. Segundo ele, as opções para fugir do caos no metrô são ainda piores.

A reclamação de Camilo é a mesma da maior parte da população. Com uma frota de ônibus velha e com problemas crônicos ; como os constantes descumprimento de horários e de rotas ;, a deficitária e cara frota de táxis, além dos congestionamentos e faltas de vagas em estacionamentos que desanimam o trabalhador a tirar o carro da garagem, o brasiliense tem no metrô uma oportunidade de se locomover mais rapidamente. No entanto, apenas 30% dos servidores estão trabalhando, com nove trens nos horários de pico e seis no restante do dia.

A vendedora Fábia Araújo de Souza, 25 anos, mora na Granja do Torto e usa o metrô todos os dias para chegar até a loja em que trabalha, no Guará. Ela conta que, agora, o tempo de espera por um trem chega a 40 minutos. ;A greve está incomodando muito. Chego atrasada no trabalho e, se for de ônibus, perco mais tempo. A melhor alternativa é o metrô, mas assim está péssimo;, desabafa. O Metrô-DF atende a uma média de 160 mil usuários por dia.

A importância do serviço fez com que o Ministério Público do Trabalho recomendasse, na última sexta-feira, o fim da greve. O procurador regional do Trabalho Cristiano Paixão apresentará na audiência de amanhã o parecer sobre a paralisação com a opção pela ;não abusividade; do movimento grevista. Segundo ele, é preciso que os servidores voltem imediatamente ao trabalho para a reabertura do diálogo.

O Metrô-DF apresentou aos trabalhadores proposta de adiantar as negociações da data base para este mês, desde que a greve termine. Para a direção do órgão, há uma precipitação no posicionamento dos servidores ; porque a pauta estava prevista para março ;, mas afirma estar preparada para discutir o assunto na Justiça do Trabalho. Para o Sindmetrô, a diretoria tenta burlar acordo firmado em março do ano passado. Segundo Israel Pereira, não há pleito por reajuste de salário, mas pelo cumprimento de itens combinados, como o pagamento de gratificações. ;Queremos a efetivação do acordo coletivo feito em 2011 e, como a greve é legítima, o abono dos dias de paralisação;, explica Pereira.

Velharias

Hoje, 3.953 ônibus trafegam nas vias da cidade, sendo que 45% deles ultrapassaram a idade limite de sete anos permitida por lei para operar. Por conta da má qualidade dos coletivos, os auditores do DFTrans aplicaram, no ano passado, 12,5 mil autos de infração e 3.747 termos de apreensão e retenção. Isso resultou em R$ 8 milhões em multas para 15 empresas com autorização para funcionar em Brasília. O GDF vai iniciar no próximo mês licitação para o ingresso de novas empresas no setor.

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