Cidades

Helicóptero que caiu no lago não tinha autorização para pouso

Luiz Calcagno, Adriana Bernardes
postado em 21/01/2012 07:20
Peritos da Polícia Civil e da Aeronáutica acompanharam a retirada do helicóptero do Lago Paranoá: início das investigações
O piloto do helicóptero que perdeu o controle e caiu no Lago Paranoá após um pouso de emergência, na noite da última quinta-feira, estava sem autorização para aterrissar no Setor de Clubes Sul. Segundo informações da Força Aérea Brasileira (FAB), o plano de voo do Robinson modelo R44 previa a saída do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek em direção a Goiânia (GO). Denis Rizoli Rosa obteve ainda autorização do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo I (Cindacta I), da Aeronáutica, para fazer um sobrevoo no Distrito Federal, mas apenas no Lago Norte. O Shopping Pier 21, portanto, não fazia parte da rota autorizada.

Quatro órgãos investigam o acidente, que não deixou feridos. As polícias Civil e Federal, além da Aeronáutica e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), vão apurar as causas do pouso forçado, às margens do Lago Paranoá, pouco depois de parar no estacionamento do centro comercial. A aeronave ficou parcialmente submersa. As investigações devem indicar se houve negligência por parte do piloto ou se o helicóptero apresentou alguma falha mecânica. Por enquanto, há mais dúvidas do que certezas (leia quadro).

Segundo testemunhas, o piloto ficou cerca de cinco minutos parado no estacionamento do Pier 21 e, por volta das 18h20, decolou após o embarque de três pessoas. Logo depois da decolagem, houve perda no controle do helicóptero, que caiu na água. Os três ocupantes saíram do local antes da chegada do socorro. Até o fechamento da edição, os nomes dos passageiros não haviam sido divulgados. Nenhum representante da empresa proprietária do equipamento deu entrevistas.

Ontem pela manhã, peritos da Polícia Civil e da Aeronáutica fotografaram e inspecionaram a aeronave e o local do acidente. Eles receberam apoio de mecânicos especializados que trabalham na oficina onde a perícia do motor será realizada, em Goiânia. Às 13h50, o veículo foi içado por um guindaste e colocado em um caminhão. A aeronave é mantida em um hangar do Aeroporto JK e deve ser levada hoje para Goiânia (GO), onde está localizada a firma responsável pelo helicóptero. Ele será reformado pela segunda vez, já que, em 2006, o mesmo aparelho sofreu um acidente em Barueri (SP).

A assessoria de imprensa da Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o 6; Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 6) vai elaborar um relatório para apurar os fatores que contribuíram para o acidente. O documento, que não tem data para ficar pronto, será encaminhado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). O órgão é responsável por submeter o piloto à Junta de Julgamento da Aeronáutica (JJAER) para saber se houve infração por conta do pouso não autorizado.

Punições
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) adiantou que a aeronave e o piloto estão com as documentações em dia. Denis Rizoli, segundo a agência, possui o brevê ; diploma para comandantes de voo. Mesmo assim, o órgão vai abrir um processo administrativo para verificar se ele tem a habilitação e o Certificado de Capacidade Física (CCF) válidos e se a aeronave está com a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) atualizados.

Se for comprovada alguma irregularidade, os responsáveis podem ser autuados, multados, perder a licença ou ter a habilitação suspensa ou cassada. Em caso de falha humana, o caso pode ser encaminhado ao Ministério Público para possíveis penalidades no âmbito criminal. A Anac só deve abrir o processo quando receber um relatório preliminar da Aeronáutica.

A 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) abriu ocorrência e, de acordo com o delegado adjunto, Johnson Kennedy Monteiro, as informações colhidas pela investigação serão encaminhadas para a Polícia Federal (PF). Até o fechamento dessa edição, a PF, por meio da assessoria de imprensa, informou que não havia recebido nenhum documento ou pedido formal da Polícia Civil do Distrito Federal para a continuidade das investigações. O procedimento deve chegar na próxima semana.

Colaborou Flávia Maia

Dúvidas

O que precisa ser respondido pela investigação:

1. O que a aeronave fazia no Lago Sul, sem autorização?
2. Quem eram os três ocupantes?
3. Se o plano de voo original era direto para Goiânia, por que havia autorização para sobrevoo no Lago Norte?
4. Quais foram as causas do acidente?
5. O helicóptero estava com sobrepeso?

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