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Helicóptero que fez pouso forçado havia caído em 2006 matando duas pessoas

Helicóptero que fez pouso forçado na última quinta-feira é a mesmo que, há cinco anos, caiu com três pessoas em São Paulo. Na ocasião, morreram dois irmãos, filhos do dono da empresa responsável pelo veículo. Perícia da aeronave será realizada em Goiânia

Luiz Calcagno
postado em 21/01/2012 07:25
Suposto piloto da aeronave esteve no local, mas evitou entrevistas
O helicóptero que fez um pouso forçado às 18h21 de quinta-feira com quatro tripulantes no Lago Paranoá é o mesmo que caiu em 3 de março de 2006, em São Paulo, matando duas pessoas e ferindo uma. A aeronave Robinson PP-MOF modelo R44 pertencia, à época, à Sigma Serviços Aéreos Especializados e Táxi Aéreo. O comandante do voo perdeu o controle do veículo após a decolagem, colidiu em algumas árvores e, em seguida, contra o solo. Os mortos eram filhos do dono da empresa. O equipamento decolou em Barueri, às 15h40, com o piloto Norbert Engelmeier Júnior, 39 anos, e os irmãos Osvaldo Gouveia de Sousa Rocha, 24, e Luís Otávio de Sousa Rocha, 18. Os ocupantes seguiriam para Ilhabela (SP).

As informações constam em um relatório elaborado no ano passado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica. Revelam que um dos jovens assumiu a direção da aeronave como copiloto. ;O que havia assumido os comandos realizou a decolagem. O piloto da empresa percebeu que, ao sair do heliponto, a aeronave não tinha sustentação suficiente para o prosseguimento do voo. Ele assumiu, mas não conseguiu controlar o helicóptero;, descreve o documento.

Osvaldo morreu na hora. Socorristas encaminharam o irmão, Luís Otávio, para o hospital, mas também não resistiu. Ainda de acordo com o relatório, os condutores estavam com o Certificado de Habilitação Técnica (CHT) vencido. ;O fato de os pilotos estarem com as habilitações vencidas evidencia a falha da empresa no acompanhamento de pessoal;, detalha o texto. A aeronave ficou bastante danificada, principalmente do lado direito, em razão da colisão contra o solo. Após reformado, o helicóptero foi vendido para o atual proprietário.

Perícia
Agentes da Polícia Civil e oficiais da Aeronáutica concluíram, no início da tarde de ontem, a primeira etapa dos trabalhos de perícia do helicóptero. Eles disseram que, inicialmente, nada externo à aeronave contribuiu para o acidente. Agora, resta saber se a queda foi provocada por falha mecânica ou humana. Peritos de ambas as corporações fotografaram o veículo dentro e fora da água. Depois de içado, foi levado ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. As peças serão lacradas com adesivos para o transporte até Goiânia, onde será feita a perícia. A transferência está prevista para hoje.

Peritos e mecânicos especializados analisarão as peças do motor. Essa etapa da investigação pode durar de nove meses a um ano, pois várias partes precisam ser comparadas com modelos similares mais novos. Segundo os técnicos, caso algum ponto apresente defeito, a detecção do problema será mais simples. Mas algumas falhas só aparecem em condições específicas, por exemplo, a combinação do peso transportado pela aeronave com o nível de aquecimento do motor. Os especialistas estudam ainda a possibilidade de simular o acidente em um programa de computador.

Testemunhas
Na quinta-feira, Raimundo Gomes da Silva, 22 anos, funcionário de um restaurante próximo ao local do acidente, presenciou o pouso forçado. Ele contou que, pouco antes do problema, o piloto havia desligado o motor do equipamento e três homens esperaram a hélice parar para entrar na aeronave.

Em seguida, viu o equipamento sendo ligado outra vez. ;Não sei o que aconteceu, mas o aparelho girou e caiu na lago;, contou. ;Inicialmente, não pareceu um pouso de emergência. A impressão é que tinham ido buscar as pessoas. Depois do acidente, os quatro saíram da aeronave sem ajuda, com a água na altura das pernas. Quando começou um tumulto, foram embora.;

Outra testemunha, Diogo Ramos, 26 anos, gerente de um quiosque de relógios no Pier 21, disse que o helicóptero sobrevoou o local por volta das 14h. Nesse horário, também teria tentado um pouso irregular no estacionamento de uma churrascaria ao lado do shopping. ;Pelo tempo, me pareceu que ele tinha pousado para desembarcar passageiros, mas não deu para ver;, disse.

Colaborou Roberta Abreu

Regularizada
Em ambos os acidentes, documentos comprovam que a aeronave estava em dia com as inspeções e com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA). No caso do acidente de 2006, o relatório final do Cenipa aponta que, no momento da queda, o helicóptero de aproximadamente 1,1 mil quilos estava a 5,4 mil pés de altitude.

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