Cidades

Em protesto, taxistas chamam a atenção para falta de segurança na profissão

Luiz Calcagno
postado em 25/01/2012 07:55
O corpo do taxista Ivandir José dos Santos, 37 anos, assassinado com um tiro na cabeça na madrugada de sábado enquanto trabalhava em Taguatinga, foi enterrado ontem à tarde. O sepultamento foi marcado pela revolta de familiares, amigos e trabalhadores da categoria. Motoristas de táxi organizaram uma carreata no Eixo Monumental, pela manhã, a fim de chamar a atenção das autoridades para a falta de segurança na profissão. Eles fizeram um buzinaço em frente ao Congresso Nacional e ao Palácio do Buriti e, depois, seguiram em comboio para o Cemitério de Taguatinga, onde velaram e sepultaram o colega.

Ivandir foi o primeiro taxista morto este ano no DF. Segundo números do Sindicato dos Permissionários de Táxis e Motoristas Auxiliares do DF (Sinpetaxi), dois foram assassinados em 2011. A irmã da vítima, também taxista, organizou a manifestação.

Inconformada, Gildete dos Santos Marques, 42 anos, pedia justiça. ;A jovem será solta logo. Mas onde está o Estado para defender os taxistas e outras categorias que estão à mercê da violência? Uma menina de 17 anos matou um pai de família com seis filhos para criar. Do que a viúva vai viver?;, protestou.

Os familiares de Ivandir vestiam blusas brancas com a foto dele e os dizeres ;Chega de violência;. Na madrugada do crime, ele foi a uma boate pegar o último passageiro da jornada de trabalho, por volta das 4h.

No local, a adolescente o abordou. Segundo testemunhas, ela estaria com outros dois homens. Como o trabalhador teria se recusado a levar o trio para a Cidade Ocidental (GO), acabou baleado. Socorristas o levaram para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e, em seguida, para o Hospital de Base do DF (HBDF). Ele morreu no domingo, por volta das 12h.

Para dar segurança aos taxistas, a categoria pede que a Polícia Militar adote como procedimento parar os carros dos trabalhadores nas barreiras para saber se está tudo bem, ou na rua, quando os motoristas fizerem sinal com o farol do veículo.

Investigação
O delegado da Delegacia da Criança e do Adolescente de Ceilândia (DCA2), Marinho José Marcelo Gonçalves, disse que o crime ainda não está esclarecido. Ele afirmou que a adolescente é a única suspeita, por enquanto. Em depoimento, ela negou que tivesse efetuado o disparo. ;Ainda não podemos afirmar se as outras duas pessoas estão envolvidas. Aguardamos o laudo da perícia, que ficará pronto em cerca de 30 dias;, explicou Gonçalves.

Mercado restrito
Brasília tem cerca de 3,4 mil táxis. Uma pesquisa da Universidade de Brasília aponta a necessidade de mais 3,6 mil, totalizando 7 mil permissões para o Distrito Federal. O número de autorizações é o mesmo desde 1979, quando Brasília tinha 1,2 milhão de habitantes, contra os 2,6 milhões atuais.

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