Cidades

Praça será elaborada por Niemeyer para proteger o entorno da Torre Digital

Helena Mader
postado em 27/01/2012 07:35
O projeto de tombamento da região em volta da Torre Digital ganhou um reforço esta semana. O superintendente regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Alfredo Gastal, se reuniu com Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro, para discutir a proposta e obteve o apoio do arquiteto, que se comprometeu ainda a elaborar um projeto para o entorno do novo monumento. O representante do Iphan também vai debater a ideia com representantes do GDF, para tentar emplacar a proposta de tombamento.

O objetivo é proteger toda a área em volta da Torre Digital e transformá-la em um ponto turístico, que atraia visitantes e também moradores da cidade. O arquiteto se comprometeu a começar o projeto imediatamente, mas não há prazo para a conclusão do mais novo croqui de Oscar Niemeyer para a capital federal.

Torre Digital: proposta da praça será apresentada hoje pelo Iphan

A ideia de fazer o tombamento da área em volta da nova torre surgiu no fim do ano passado, próximo à data prevista para a inauguração. O monumento abriria ao público em 15 de dezembro, dia do aniversário de Niemeyer, mas a inauguração acabou adiada para o próximo 21 de abril, data do aniversário de 52 anos de Brasília. A proposta saiu do Iphan e ganhou o apoio de especialistas e também de representantes do governo.

Mas os detalhes da legislação ainda não foram definidos porque em torno da Torre Digital há terras públicas, da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), mas também lotes particulares e regiões que têm pendências judiciais acerca da propriedade. Assim, as regras de tombamento dependem da análise de todos esses fatores. O mais importante, para os defensores da medida, é proteger a área em volta do monumento de invasões e do surgimento de barracas e ambulantes.

Segundo o superintendente do Iphan, Alfredo Gastal, o principal objetivo é preservar a região e atrair o público. ;Acho que o espaço seria perfeito para a construção de bares e de alguns restaurantes, além de uma biblioteca para crianças, por exemplo. O importante é que o projeto seja muito leve, para não disputar a atenção com o monumento principal, que será a nova Torre de Tevê Digital;, explicou Alfredo Gastal. ;Acho que é um local muito apropriado para uma área de lazer bem arborizada, com uma arquitetura características do Oscar;, acrescentou o superintendente.

Apresentação

Na manhã de hoje, o superintendente do Iphan deve se reunir com o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli, para debater, entre outros assuntos, a construção do projeto de Niemeyer para o entorno da torre e o tombamento do novo monumento. Como a proposta ainda não chegou ao GDF, não existe um posicionamento do governo sobre a possibilidade de executar o projeto de Oscar Niemeyer. O assunto deve ser analisado a partir de hoje, com a apresentação formal da ideia por Alfredo Gastal.

A Torre de TV Digital fica ao lado de Sobradinho, a poucos quilômetros do Balão do Colorado. Em volta do monumento, existem extensas áreas vazias, que há décadas são alvos de grileiros e invasores. Vizinhos ao monumento, estão alguns grandes condomínios irregulares, como o Império dos Nobres e o Condomínio RK. Especialistas preveem que a pressão imobiliária e a especulação sobre a região sejam grandes e, por isso, o Iphan quer proteger e manter livre a área em volta do novo monumento de Oscar Niemeyer.

A Torre Digital já custou R$ 68 milhões aos cofres públicos, mas ainda será preciso gastar mais R$ 6,5 milhões para o término dos trabalhos e para fazer a urbanização completa das áreas de acesso. O monumento, também conhecido como Flor do Cerrado, atrasou por conta de problemas, como contestações apresentadas pelo Tribunal de Contas do DF.

Além dessa proposta em elaboração por Niemeyer, há pelo menos outros dois grandes projetos do arquiteto que ainda não saíram do papel em Brasília. Um deles é o Sambódromo do DF, apresentado em 2005. A estrutura, semelhante à da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, ainda não tem orçamento. O governo precisa definir o local que servirá como abrigo permanente para as festas de carnaval. Além disso, há ainda o projeto para a chamada Praça do Povo, que ficará ao lado do Teatro Nacional. Os croquis estão prontos, mas ainda não houve recursos para transformá-los em um novo monumento.

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