postado em 29/01/2012 08:04
Os clientes da Papelaria Brito, na Asa Norte, estão se sentindo lesados por terem comprado o material didático dos filhos no ano passado e, às vésperas da volta às aulas, ainda não estarem com os livros em mãos. Enquanto o costume brasileiro é deixar tudo para depois, alguns pais, preocupados em não enfrentar livrarias lotadas, levaram as listas para as ruas e pesquisaram preços para evitar o tumulto dos dias que antecedem o início do ano letivo. Pelo menos 20 deles optaram pela Papelaria Brito, onde encontraram preços mais baixos, mas se arrependeram. Pagaram adiantado, alguns quase R$ 2 mil, e não receberam a mercadoria. A loja alega que as reclamações não têm procedência.
Depois de muita espera, a Brito prometeu entregar o material até as 18h da última sexta-feira, mas não cumpriu o prazo. No fim da manhã de ontem, os clientes se reuniram para tentar receber os livros didáticos. Eles ficaram revoltados ao encontrarem pais que foram à livraria este mês e levaram o material para os filhos sem dificuldades. ;Nós quisemos ser precavidos e fomos prejudicados por isso. O fato é que, na época, um dos volumes da minha lista custava R$ 75. Agora, o preço é de R$ 82,5. Eles estão dando preferência para quem paga mais caro;, alega o advogado Marcus Palomo, 39 anos. O filho dele, Antônio Victor Pereira, 8, vai começar o 4; ano do ensino fundamental amanhã sem duas das obras pedidas pela escola.
Palomo é consultor da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF) e pretende levar o caso para a Comissão da Defesa do Consumidor da entidade. ;Eles venderam mais do que tinham em estoque, o que não é permitido por lei;, afirma. O empresário José Américo de Miranda, 47 anos, tomou a frente do grupo e recolheu assinaturas daqueles que se sentiram lesados. Apesar de ter efetuado a compra em novembro, só ontem as filhas Fernanda, 7 anos, e Lívia, 16, tiveram acesso ao material de estudo deste ano. Mas José pagou duas vezes por ele. Sem conseguir uma solução na Papelaria Brito, ele percorreu outras três lojas para completar a lista. ;Eles me ligaram às 22h de sexta-feira para dizer que não encontraram os livros em outros locais, mas isso não é verdade;, afirmou.
Queixas infundadas
De acordo com a diretora financeira da empresa, Ana Paula Saraiva, o processo de encomenda de um livro é lento e, por isso, as queixas seriam infundadas. ;Quando compramos os volumes, programamos uma data e nos organizamos com a editora, que faz o pedido em São Paulo. Como dependemos de terceiros, fica mais enrolado;, explicou. Segundo ela, para não causar transtornos aos clientes, a Brito deu a possibilidade de devolver o dinheiro ou procurar as edições na concorrência. Ana Paula disse ainda que a entrega é feita por data de compra.
Para o servidor público Alexandre Xavier Costa, 45 anos, a empresa agiu com desonestidade a partir do momento em que identificou o problema e não comunicou os consumidores. ;Ficaram prorrogando os prazos e deixaram para nos avisar na última hora. Ontem (sexta-feira), teve até briga, empurra-empurra. Isso não é normal. Eles estão enrolando a gente;, reclamou. Alexandre pagou R$ 1.000 à papelaria, mas acha que o constrangimento da filha Bruna, 11 anos, ao chegar a uma escola nova sem os materiais é pior que o prejuízo financeiro.