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Brasília acolhe pouco mais de 20 mágicos que celebram data especial hoje

Dia do Mágico, comemorado hoje, não tem programação especial em Brasília. Segundo registros da Associação, pouco mais de 20 profissionais atuam na capital federal

postado em 31/01/2012 08:00 / atualizado em 20/10/2020 10:01

Ed, formado em engenharia e administração, escolheu a carreira  de mágico
O impossível ocorre diante dos olhos do espectador. Uma pomba branca surge em meio ao fogo. Cédulas de pequeno valor transformam-se em grandes valores. Mulheres saem inteiras de dentro de caixas perfuradas por espadas. Na cartola do mágico, cabe mais do que ilusão. Há também criatividade, sonho e uma fuga colorida da realidade em preto e branco. Hoje, comemora-se no mundo todo o Dia do Mágico.

A data é uma homenagem ao padroeiro desses profissionais, São João Bosco. Na juventude, o religioso melhorava a renda familiar trabalhando como acrobata, malabarista e fazendo truques. Depois das apresentações, repetia os sermões ouvidos nas missas e convidava todos a rezar. Dom Bosco morreu em 31 de janeiro de 1888 em Turim, na Itália. Foi canonizado em 1934. Desde então, o último dia de janeiro é dedicado aos responsáveis por entreter adultos e crianças com os mais diversos atos de ilusionismo.

Em Brasília, a Associação dos Mágicos, com 22 inscritos, tem apenas seis que atuam profissionalmente. Os demais são amadores, assistentes ou aprendizes. Periodicamente, a entidade ministra cursos ao valor médio de R$ 200 por aluno. O presidente do grupo é o mágico Carlos Steiner, 31 anos, morador do Lago Sul. Há 15 anos, ele ganha a vida nessa atividade. Mas bem antes disso, na infância, já se interessava pelos truques. “Tudo começou quando ganhei um kit de mágica, daqueles de brinquedo, do meu pai. Eu era tímido e a mágica tornou-se uma forma de fazer amizades e de me destacar”, lembra.

Carlos Steiner, há 15 anos na profissão:
Atualmente, Steiner é um dos mais requisitados profissionais do ramo para festas infantis. O cachê sai, em média, a R$ 750. O lado financeiro, ele garante, não é o mais importante. “Eu trabalho sempre, em fins de semana, feriados. O que dá vontade de continuar todos os dias é ver a surpresa no rosto do público, o encanto. Todo dia é diferente do outro.”

Equipamentos
Para provocar fascínio, é preciso muito talento e, às vezes, equipamentos simples, como bolas, lenços, cartolas, moedas e baralhos. O mágico Eduardo Rocha, 38 anos, morador de Taguatinga, fabrica os próprios aparatos, como a guilhotina, por exemplo. Conhecido como Ed, ele começou a entreter as pessoas com sua arte aos 12 anos. “Morava na Paraíba, na década de 1980. Nunca tinha visto um mágico na vida. Mas gostava de brincar. A mágica mudou minha percepção de vida. Me fez enxergar as coisas de forma diferente”, relata.

Formado em engenharia civil e em administração de empresas, Ed, durante anos, foi executivo de grandes empresas. Largou tudo para viver do que lhe dava prazer, a mágica. “Em 2005, decidi abandonar toda a minha carreira executiva para me tornar um mágico. Me especializei em shows para adultos, em empresas. Me apresento também em bares e restaurantes. A mágica para adultos deve ser estimulante, acima de tudo”, ensina.

Ele usa cordas, cartas, copos, livros e DVDs em seus shows. “Há muito fogo, por ser um elemento de transformação. Passa mensagem positiva.” Em determinado momento da apresentação, Ed pede às pessoas que escrevam o nome de sentimentos negativos dos quais querem se livrar em um papel. Depois, queima tudo. Misteriosamente, uma pomba branca voa entre as chamas, sem se machucar. “Os espetáculos sempre têm uma mensagem”, destaca

Ed apresenta-se ao lado de outro mágico, Bruno Tricarito, 29 anos, que é dentista. Durante o dia, seus pacientes nem sequer imaginam que o doutor de jaleco branco é também um ilusionista. O jovem estuda a produção da magia desde 2003. “Eu era estudante na UnB. Houve uma greve e aproveitei para aprender outros temas. Tinha vontade de fazer o que parecia impossível, ver a transformação diante dos olhos”, conta.

Bruno passou a pesquisar técnicas na internet, comprou livros e fez cursos. “Faço truques principalmente entre amigos. Mas também participo de palestras e conferências.” Bruno usa hipnose para amenizar a dor de pacientes em seu consultório. Aproveita esse conhecimento também para os shows. “A mágica é um hobbie que começou a se tornar uma profissão à parte, fora do horário comercial”, resume.

O ilusionista profissional Fernando Árias, 26 anos, lembra que a magia sempre esteve presente entre os seres humanos. “O homem pré-histórico desenhava animais nas cavernas, como se, assim, pudesse materializá-los. Ao longo do tempo, o conceito de magia foi evoluindo. Hoje, a magia ultrapassa a barreira do entretenimento, sendo muito utilizada pelos departamentos de recursos humanos e nas áreas de marketing para venda e promoção de seus produtos.”

Para ser ilusionista, lembra Fernando, não basta tirar coelhos da cartola. “Somos estudiosos e pesquisadores de varias ciências, como artes, psicologia, engenharia, física, matemática, química, biologia e eletrônica; artistas capazes de juntar esses conhecimentos e criar ilusões fantásticas, deixando os mais inteligentes profissionais incrédulos e sem explicações para o que acabam de ver”, define.

Técnica auxiliar
A hipnose induz a um estado semelhante ao sono, gerado por um processo no qual o indivíduo fica muito suscetível à orientação do hipnotizador. Cursos de técnicas de hipnose costumam ser abertos. Profissionalmente, ela é usada com frequência por médicos, dentistas, psicólogos e terapeutas.

“O que dá vontade de continuar todos os dias é ver a surpresa no rosto do público, o encanto. Todo dia é diferente do outro”

Carlos Steiner, mágico

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