Em meio a diagnósticos e internações, muitas vezes o que se perde é a identidade de quem sofre com problemas psicológicos. O sofrimento passa a ser visto pelo restante da sociedade como a principal característica dessas pessoas. A capacidade de se alegrar, dançar e cantar fica em segundo plano. Na tentativa de mudar essa perspectiva, a Gerência de Saúde Mental da Secretaria de Saúde lançou ontem o Bloco da Saúde Mental. Cerca de 150 adeptos, entre eles gente em tratamento, familiares e profissionais do setor, desfilaram pela Rodoviária do Plano Piloto, das 16h às 18h, em clima de carnaval.
Internos do Hospital São Vicente de Paula, pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e de outras unidades confeccionaram as próprias fantasias. Durante meses, dedicaram-se à escolha das cores e formatos que alegrariam o dia de ontem. Risadas tomaram o lugar do clima estigmatizado de um centro de tratamento como esses. Médicos, terapeutas, representantes de movimentos sociais, pacientes e amigos dançaram e cantaram lado a lado. Durante algumas horas, não havia rótulo e era difícil saber quem era quem.
Samuel Barros Magalhães, 58 anos, morador de Taguatinga, faz acompanhamento hospitalar. Artesão e poeta, encontrou uma maneira bem particular, em forma de poesia, de celebrar a festa ao lado dos amigos. Escreveu: ;Hoje é o carnaval da mente. A razão vai estar de férias. Quero minha mente livre pra pensar. Que a folia de palavras pule, nesse cérebro salão;;. Para Samuel, na alegria e na arte, todos são iguais. ;A arte é uma forma de compensar essa coisa que descompensa dentro da gente;, explicou.
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