Nada apaga o sonho de Patrícia Vieira da Silva de se tornar professora de português. Fã de Monteiro Lobato, a garota de 16 anos mora em um povoado isolado de Planaltina de Goiás, a 100km de Brasília, onde não há comércio, telefone, tevê, internet, água encanada, esgoto tratado ou qualquer conforto. Para não perder as aulas, iniciadas às 7h30, a garota levanta às 4h30. Além de se arrumar, prepara o café e ajuda dois dos quatro irmãos. Eles pegam a mesma precária condução, que gasta no mínimo meia hora em um trecho de 8km de terra. Até a escola, no distrito de São Gabriel, o trio toma outro transporte. E quando volta, a menina cuida das tarefas de casa. Nos fins de semana, trabalha como diarista em fazendas para aumentar a renda da família, que sobrevive com menos de R$ 700 mensais.
Como os vizinhos, Patrícia, os pais e os irmãos passaram quatro anos morando em outro acampamento, à beira da rodovia estadual que liga Planaltina de Goiás a Água Fria (GO). Há um ano, o grupo se deslocou para o atual endereço, onde aguarda a demarcação e distribuição das frações. Enquanto ela não vem, a família de Patrícia continuará ocupando os restos do chiqueiro do antigo latifúndio. O casebre de três cômodos, cercado de pedaços de lona preta e coberto por telhas de amianto foi armado sobre as estruturas de tijolos do abrigo de porcos. A 10m do barraco, são criados suínos das quatro famílias ocupantes da margem do córrego que deu nome à propriedade. Nele, todos tomam banho, lavam roupas, talheres e tiram a água para fazer comida, lavar suas casas e beber.
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