Cidades

Promotor passa a tarde escondido em mato após sofrer atentado em Goiás

Renato Alves
postado em 23/03/2012 14:22
Policiais civis, militares e promotores de Justiça de Goiás tentam investigar o autor dos disparos contra o promotor Douglas Roberto Ribeiro de Magalhães Chegury, de São Domingos, município do nordeste goiano. Ele sofreu o atentado por volta das 12h dessa quinta-feira (22/3). O carro em que estava, de sua propriedade, foi abordado GO-110, estrada que liga os municípios de São Domingos e Campos Belos (GO).

Chegury estava a caminho de uma reunião na Regional de Saúde de Campos Belo, cidade distante 400km de Brasília e de 600km Goiânia (GO). Assim que viu o estranho atirando em sua direção, freou e pulou do veículo, um Siena, e se adentrou na mata. Três horas depois, policiais militares encontraram o carro dele com marcas de bala e objetos pessoais.

Os PMs informaram os promotores de Justiça André Luís Ribeiro Duarte, de Campos Belos, e Julimar Alexandro da Silva, de Alto Paraíso de Goiás (GO), que aguardavam o colega para a reunião. A partir de então, iniciaram buscas na região, inclusive com o apoio de um helicóptero da PM. Os militares só encontraram Chegury com ferimentos leves, no início da noite, muitos quilômetros após o local da emboscada.

Troca de tiros

O promotor contou que o atirador usava capacete e estava escondido na margem da GO-110, a cerca de 40km de Campos Belos, quando o surpreendeu. O promotor contou que agiu rápido e conseguiu escapar, saindo pela porta de passageiro do carro. Ele relatou ainda que se arrastou, mas teve tempo de disparar a arma sua arma algumas vezes, sem preocupação de mirar, na tentativa de intimidar o atirador, até conseguir escapar.

Chegury entrou no mato, onde ficou escondido por horas, andando vários quilômetros até encontrar uma estrada vicinal, onde se sentiu em segurança e abordou uma equipe da PM que já fazia buscas por ele junto com a Polícia Civil. O carro do promotor foi enviado à Formosa, no Entorno do DF, onde será periciado. Chegury foi internado em Campos Belos para se recuperar do susto e reidratar. Ele recebeu alta por volta das 8h30 desta sexta-feira (23/3).

Com 39 anos, Chegury integra o MP goiano desde o ano. passado. Ele foi agente da Polícia Federal e delegado da Polícia Civil do Distrito Federal. Aprovado em concurso para promotor, assumiu o cargo em 13 de junho de 2011. Tem sido um promotor bastante atuante, desenvolvendo um trabalho na região para o combate aos crimes ambientais com diversas medidas relacionadas a desmatamento ilegal e carvoarias. Também integra a articulação para criar um projeto especial do MP para o nordeste goiano, visando representar a sociedade local nos problemas comuns entre os municípios.

Força-tarefa

Uma força-tarefa reunindo promotores e agentes do Ministério Público de Goiás (MP-GO) lotados no Centro de Segurança, Inteligência e Informação (CSI); do Grupo de Atuação Especial de Combate a Organizações Criminosas (Gaeco); das Polícias Federal, Civil e Militar de Goiás, está empenhada em esclarecer o atentado contra o promotor.

Integrantes do MP goiano estão na região do atentado desde o início da manhã desta sexta-feira. Eles deixaram ontem Goiânia e de Belo Horizonte (MG), onde ocorria um encontro de promotores da área de combate ao crime organizado.

Viajaram na manhã desta sexta-feira para acompanhar o caso de perto: o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, o coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal e da Segurança Pública, Bernardo Boclin Borges, o chefe de gabinete da procuradoria-geral, Lauro Machado, e o presidente da Associação Goiana do Ministério Público, Alencar José Vital, os três promotores. Eles se juntaram hoje aos promotores ligados diretamente à investigação e demais autoridades da Segurança Pública incumbidas do caso que já estavam na região.

Incômodo

O procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, e sua assessoria estiveram mobilizados durante todo o período em que o promotor esteve desaparecido, articulando com autoridades da Segurança Pública de Goiás e da União, em busca de informações precisas e para a adoção das medidas necessárias visando identificar e punir os autores do atentado.

O ataque terá uma reação firme do MP, destaca Benedito Torres: "Se o Ministério Público vinha incomodando na região, agora incomodará muito mais. Como procurador-geral estarei no comando da reação porque este foi uma atentado a todos os promotores de Justiça, a toda nossa instituição", declarou.

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