postado em 02/04/2012 18:28
A parceria dos governos do Distrito Federal, de Goiás e de Minas Gerais em ações coordenadas de segurança pública ainda não foi suficiente para reduzir a incidência de alguns crimes na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride/DF). O registro de homicídios, estupro e tráfico de drogas no DF aumentou entre 2010 e 2011, situação destacada, nesta segunda-feira (2/4), em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).Dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal evidenciam um aumento de 13,2% nos homicídios, que passaram de 638, em 2010, para 722, em 2011. O quadro se agrava em relação aos casos de estupro, que avançaram 26,3% no período. Quanto ao tráfico de drogas, os registros tiveram uma ampliação de 33,2% entre 2010 e 2011.
Se a média nacional é de 26 homicídios por 100 mil habitantes, em algumas cidades do entorno do DF essa incidência chega a 70 homicídios por 100 mil habitantes, conforme comentou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
"Isso exige das autoridades ação coordenada firme e regular para garantir políticas públicas que melhorem as condições de vida na região metropolitana do DF. Entendemos que investir no entorno não é responsabilidade só de Goiás, mas também do Distrito Federal e da União", declarou o parlamentar, autor do requerimento de audiência pública sobre a segurança pública na CDR.
De acordo com o coronel Jailson Ferreira Braz, da Polícia Militar do Distrito Federal, algumas regiões administrativas do DF, como o Varjão e a Estrutural, concentram índices de criminalidade até duas vezes maiores que as registradas na região do Entorno. A Ride/DF agrega 30 regiões administrativas do Distrito Federal, 19 municípios de Goiás e três municípios de Minas Gerais.
A meta da segurança pública no DF, segundo Jailson Braz, é reduzir a criminalidade em 8% em 2012. Até lá, terá como desafio desafogar um sistema prisional que já excedeu sua capacidade em 53%. O representante da Polícia Militar creditou a elevação dos registros de alguns tipos de crime ao aumento da ação policial. E citou pesquisa do IML (Instituto Médico Legal), realizada em 2010, que identificou a ingestão de drogas em 63% das vítimas de homicídio.
Diretor da Força Nacional de Segurança Pública, o major Alexandre Augusto Aragon apontou o seqüestro relâmpago e o furto de veículos como os dois principais problemas de segurança no entorno do DF. Segundo informou, a corporação efetuou 446 prisões desde o início de sua atuação na área, em 2007. Mais do que o combate à criminalidade, o major Alexandre Aragon defendeu uma intervenção baseada em ações socioeducacionais para a comunidade, abrangendo, inclusive, a mediação de conflitos familiares.
"A chave é buscar recuperar a juventude, que está desassistida", afirmou.
A representante do Centro de Atendimento a Vítimas de Crimes de Águas Lindas de Goiás (GO), Rosa Maria dos Santos, concordou que policiamento não é tudo. Na verdade, a líder comunitária aproveitou para reclamar da desestruturação desse serviço no município, no final de 2010, pelo Ministério da Justiça.
"Ficamos lá de 2008 a 2011 prestando assistência com uma equipe multidisciplinar, com advogado, assistente social e psicóloga. A Secretaria de Direitos Humanos acabou o projeto em dezembro de 2011 dizendo que ia criar centros de referência, mas até hoje estamos sem assistência", denunciou Rosa dos Santos.