Debaixo de um pé de manga, durante uma brincadeira em Souzalândia, no interior de Goiás, Glestânia Aparecida da Silva Oliveira, então com 8 anos, percebeu algo diferente no modo como ela escrevia as palavras. Em um dos momentos de diversão, pegou um lápis e uma folha de papel e escreveu o primeiro nome. Diferentemente dos colegas da roda, ela fez isso de trás para frente, começando pelo A, última letra do nome. ;Você escreve errado ou está fazendo isso porque quer?;, estranhou uma criança. Desde então, a vida de Gleice, como é chamada, nunca mais foi a mesma.
Depois de observar a escrita dos irmãos, a menina passou a se preocupar com o futuro. ;Não sabia como eu faria para aprender as matérias quando eu me matriculasse na escola;, contou. Quatro anos depois, aos 12, Gleice ainda não conhecia uma sala de aula em razão de não ter o registro de nascimento. ;Nessa época, meu pai vendia vassouras para uma diretora no centro da cidade e então ela deixou eu estudar lá;, contou. No colégio, aprendeu a ler corretamente, mas não conseguia acompanhar o ritmo dos colegas. ;A professora passava o texto no quadro e eu tinha que esperar ela terminar de escrever para eu começar. É assim até hoje;, explicou.
Veja vídeo que mostra a habilidade de Glestânia
[VIDEO1]