postado em 10/05/2012 10:14
Uma senhora de 77 anos morreu no Hospital Santa Helena, depois de suposta omissão de socorro, com atendimento condicionado a pagamento de cheque-caução. Aureliana Duarte dos Santos faleceu em abril, mas a ocorrência foi registrada na noite desta quarta-feira (9/5), na 2; Delegacia de Polícia na Asa Norte.O delegado Rodrigo Bonach explicou que os primeiros depoimentos devem ser colhidos ainda na tarde desta quinta-feira (10/5). A polícia vai requisitar laudo do Instituto Médico Legal, para averiguar se a espera foi determinante para a morte de Aureliana. A princípio, a investigação deve se concentrar nos prontuários médicos.
Também ontem, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou projeto que torna crime a cobrança de cheque-caução em atendimento médico-hospitalar de emergência. A proposta segue para votação no Plenário. Quando regulamentado pelo Executivo, o projeto pode vincular as estapas seguintes à emergência. Resolução normativa da Agência Nacional de Saúde (ANS) já proíbe cobrança de cheque-caução, em qualquer fase do atendimento hospitalar.
Segundo informações de Carlos Roberto Duarte dos Santos, filho de Aureliana Duarte dos Santos, a mãe deu entrada no hospital e precisaria de atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas só conseguiu uma vaga depois que ele teve que voltar em casa para pegar o talão, deixando dois cheques-caução no valor de R$ 25 mil cada.
Carlos contou que eles chegaram ao hospital por volta das 19h30, em 9/4. No atendimento de emergência, Aureliana foi diagnosticada com arritmia cardíaca e pressão baixa. O médico teria dito que a paciente precisava dar entrada na UTI imediatamente. Ao tentar entrar na unidade, Carlos foi informado que era necessário deixar os dois cheques. Não tendo o talão em mãos, ele teve que voltar em casa, em Sobradinho, a 30 km do Plano Piloto. Voltou duas horas depois. Aureliana faleceu por volta de 1h40 de 10/4.
Além de deixar os cheques no hospital, Carlos também conta que pagou R$ 1 mil pela consulta na emergência e o hospital cobra mais R$ 8,3 mil, referentes ao tempo em que sua mãe ficou na UTI, cerca de quatro horas.
O Correio fez contato com a assessoria do hospital, mas ainda não obteve resposta.