Simón Bolívar dedicou a vida à luta contra a presença espanhola na América do Sul. Pegou em armas e expulsou os europeus do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela e de outros países latinos. José Martí não ficou atrás. Organizou a Guerra de Independência de Cuba em relação à Espanha. Che Guevara fez a sua revolução. Já Mustafa Kemal Atatürk liderou o seu povo em lutas sangrentas e fundou a Turquia. Mas nenhum desses e outros bravos heróis resistiram aos ataques de brasilienses. Alguns até acabaram degolados na capital do Brasil.
Estátuas e bustos construídos com material robusto, como bronze e concreto, se deterioram em praças e parques do Distrito Federal. Viraram alvo de todo tipo de vandalismo. Perderam a cabeça, os braços e as placas de identificação. Também acabaram pichadas. E não foram apenas os estrangeiros. Até Juscelino Kubitschek virou alvo de agressões na cidade que criou. Também são desrespeitados os símbolos religiosos, como os orixás da Prainha do Lago Paranoá e a imagem fixada na entrada de Santa Maria, constantemente reformadas após depredação.
Não há um levantamento oficial dos bustos e das estátuas no DF, muito menos das condições deles. Mas o Correio localizou 31 dessas imagens apenas no Plano Piloto. A maioria encontra-se em péssimo estado. Algumas esculturas estão com rachaduras e partes quebradas. Também tiveram pedaços arrancados ou acabaram destruídas. O quadro mais desolador é o da Praça do Buriti. Em uma área cercada de mangueiras e batizada de Praça dos Próceres, bustos de heróis de outros países se perdem por conta de ações de vandalismo e do tempo. Dos 10 originais, três não existem mais. Ficaram só as lápides de concreto que os apoiavam.