Este ano, houve troca de contrato da empresa prestadora de serviço no aeroporto e Francisco perdeu as vantagens obtidas há oito anos, quando encontrou uma maleta recheada com U$$ 10 mil (equivalentes a R$ 30 mil, à época, em 2004), e devolveu-a ao dono, um turista suíço. O ato de honestidade transformou a vida de Francisco, morador de Céu Azul, no Entorno, que ganhava R$ 370 mensais. Ele recebeu promoção, recomendada pelo então presidente da República, e passou a ganhar R$ 1,2 mil, que subiram para R$ 1,9 mil, em 2011.
Quando achou as notas de dólar, mesmo sem ter condições de pagar a conta de luz no valor de R$ 28, que estava atrasada, Francisco não pensou duas vezes antes de procurar o dono do dinheiro e a devolveu minutos depois de achá-la abandonada em um banheiro do aeroporto de Brasília. Usou o sistema de som do saguão para buscar o proprietário daquela quantia que, aos olhos dele, parecia uma fortuna.
Depois da ascensão profissional, Francisco começou a trabalhar de terno e gravata e a supervisionar o serviço dos outros mais de 200 companheiros. Recebeu os parabéns, pessoalmente, até mesmo de Luiz Inácio Lula da Silva e tornou-se garoto-propaganda do governo federal, apareceu na tevê sem ganhar cachê, divulgando o slogan Sou brasileiro e não desisto nunca. Mas Francisco quase deixou de acreditar que a vida era justa.