Jornal Correio Braziliense

Cidades

Emoção e indignação marcam enterro de bebê que aguardou leito na fila

O bebê Miguel Luiz Pereira Sampaio foi enterrado no fim da tarde deste sábado (9/6), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O velório foi marcado ao mesmo tempo pela emoção e pela indignação dos familiares. O bebê nasceu com uma doença grave no coração %u2014 cardiopatia %u2014, que somente foi descoberta um mês e 18 dias após o nascimento. Miguel e a mãe, a vendedora Graziele Pereira Sampaio, 30 anos, receberam alta do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS) três dias após o nascimento da criança. Segundo familiares, o pequeno aparentava boa saúde. Ele nasceu em 14/4. Mas durante uma consulta em um posto de saúde, em 29/5, os médicos desconfiaram que ele sofria da enfermidade. Logo, o pequeno precisou retornar para o HRAS, mas o hospital não tinha estrutura para fazer a cirurgia, considerada de alta complexidade. Ele precisou esperar três dias para ser transferido para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF). Após conseguir um leito na unidade especializada, o bebê foi submetido a uma operação no coração, no último dia 1º. Às 23h30 da sexta-feira (6/6), já com falência múltipla dos órgãos, ele teve morte cerebral e, logo em seguida, uma parada cardiorespiratória. "Eles nos diziam que um dos leitos teria que vagar para o nosso filho conseguir ser transferido para o ICDF", lembra-se o pai do bebê, o vendedor Guilherme Leandro Júnior, 27 anos. A reportagem tentou entrar em contato com a Secretaria de Saúde, mas não obteve retorno. Relembre o caso Logo após o nascimento, Miguel começou a enfrentar uma série de problemas no coração. No dia 29 de maio, ele deu entrada no Hospital Regional da Asa Sul, mas teve que ser transferido por falta de estrutura da instituição para atender pacientes neonatais com problemas cardíacos. [SAIBAMAIS]Mesmo diante da gravidade do caso, a família precisou recorrer à Justiça para conseguir transferir o filho, o que levou um mês para acontecer. A cirurgia foi realizada no mesmo dia em que o paciente chegou ao Instituto do Coração. No procedimento foi diagnosticado que a criança tinha cinco problemas cardíacos, todos devidamente tratados. Desde então, Miguel permaneceu internado na UTI até vir a obito nessa sexta-feira. [VIDEO1]