Renato Alves
postado em 10/07/2012 06:30
Sob a mais movimentada área do Plano Piloto, há um mundo desconhecido da maioria dos brasilienses. Um submundo. Um espaço democrático, mas deprimente, dividido por meninos de rua, vendedores ambulantes, gente esfarrapada, cidadãos de classe média, de classe média alta, homens engravatados, mulheres grávidas com carrinhos de bebê importados. Todos unidos por uma pedra, o crack. A droga de alto poder destrutivo é vendida e consumida como em uma feira livre no estacionamento subterrâneo da Quadra 5 do Setor Comercial (SCS). Comércio criminoso aberto 24 horas por dia, embaixo de um posto da Polícia Militar, centenas de escritórios, dezenas de lojas e agências bancárias, ao lado do maior hospital de Brasília, a menos de 1km da Esplanada dos Ministérios.
O vaivém dos usuários, as roupas sujas e os cabelos desgrenhados de muitos deles deram o apelido de Buraco do Rato à garagem subterrânea de um dos pontos mais movimentados do setor. Os viciados e traficantes começaram a ocupar o subsolo há quatro anos. Formaram a primeira cracolândia do Plano Piloto. Em 2008, o Correio denunciou e o governo, à época, anunciou uma série de medidas enérgicas, como expulsar e prender quem fosse flagrado cometendo crime, encher o espaço de policiais, iluminar e, se necessário, até fechar o Buraco do Rato. Tudo ficou na promessa, e a quantidade de ;ratos; só aumentou. Agora, eles são de todas as espécies e nem esperam mais a escuridão da noite e a queda no movimento para manter o vício. Há quem desça para comprar e fumar a pedra no horário de almoço.