postado em 19/07/2012 12:45
Prevista para esta quinta-feira (19/7), a ação de desocupação da Fazenda Toca da Raposa, em Planaltina (DF), foi adiada por questões operacionais, informou há pouco a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). A tensão, no entanto, é grande, já que, segundo lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um ônibus com homens supostamente a serviço do dono da propriedade vizinha e tratores chegaram ao local assim que os policiais deixaram a fazenda nesta manhã.Segundo o tenente-coronel Alves Leitão, responsável pelo policiamento de Planaltina, a nova data para o cumprimento da decisão judicial ainda vai ser definida. A Justiça havia determinado que as cerca de 600 famílias de sem-terra, que ocupam o lugar desde o dia 8 março, deixassem o local, mas autorizou o adiamento da operação na manhã de hoje. De acordo com o coronel, todos os policiais saíram da área. Na avaliação da polícia, era desnecessário manter qualquer tipo de segurança.
;As famílias já estão na área há um bom tempo sem que qualquer problema tenha sido registrado. Elas são ordeiras e não estão depredando nada, de maneira que consideramos desnecessário manter viaturas no local;, disse Alves Leitão à Agência Brasil. Informado sobre a chegada do ônibus e dos tratores, o coronel afirmou que mandaria uma viatura retornar ao local para averiguar a situação. De acordo com Maria Lucimar Nascimento da Silva, da direção nacional do MST no Distrito Federal, a decisão das famílias é resistir à desocupação.
;Estávamos e continuaremos mobilizados. Vamos resistir à ação policial quando eles vierem, à pistolagem e a quem mais vier para nos tirar daqui;, garantiu Maria Lucimar, afirmando que um helicóptero da PM chegou a sobrevoar a fazenda esta manhã e um dos policiais que estiveram no local mais cedo comentou que o grupo estava apenas aguardando a chegada de reforços para dar início a desocupação.
De acordo com o MST-DF, a área em que as famílias estão acampadas pertence à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), órgão do governo do Distrito Federal (GDF), e foi ocupada irregularmente por um conhecido produtor de soja, que é dono de propriedades vizinhas. O movimento pede que 40% da área total, o equivalente a 1.700 hectares, sejam destinados à reforma agrária.
Logo após a ocupação, em março, os sem-terra se reuniram com representantes da Ouvidoria Agrária Nacional e do GDF. Ainda de acordo com o MST-DF, ficou acordado que, em 45 dias, a Terracap entraria com uma ação na Justiça reivindicando a devolução da área indevidamente ocupada pelo fazendeiro. Segundo o MST-DF, isso não ocorreu. A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a Terracap e aguarda retorno do órgão.