Cerca de 80 pessoas, entre parentes, amigos e colegas de trabalho, acompanharam na manhã deste sábado (28/7) o sepultamento da servidora do Senado Federal Cristiane Yuriki Miki, 41 anos, no Cemitério Campo da Esperança. Cristiane foi morta a facadas na última quinta-feira pelo ex-marido, o gerente de hotel Romeu Costa Ribeiro, 55, dentro do carro em que estavam, na BR-040, em Minas Gerais. Descrita como uma pessoa alegre e responsável, a servidora tinha, segundo familiares, um bom relacionamento com o ex-marido.
O clima no enterro da servidora era de revolta. Mãe de dois filhos, uma menina de 9 anos e um menino de 4 anos, Cristiane perdeu os pais ainda adolescente e começou a trabalhar cedo. Segundo a tia, Mitie Miki, 63, a servidora era uma pessoa inteligente e dedicada. "Ela sempre estudou em escola pública. Cursou ciência da computação na Universidade de Brasília (UnB), passou em um concurso na Câmara dos Deputados e depois para o Senado", contou a familiar. Em relação aos filhos, era considerada uma mãe amorosa. "Sempre dava muita atenção a eles", completou. Cristiane planejava uma viagem a Maceió com os amigos. Os hobbies dela, segundo a tia, eram viajar, ler e assistir filmes.
[SAIBAMAIS]No trabalho, Cristiane era reservada. Um dos funcionários da servidora, que preferiu não se identificar, contou que ela era muito exigente. "Como todo oriental. Ela era concentrada no trabalho e não levava problemas familiares", disse. A notícia da morte da colega gerou comoção entre os servidores da Secretaria-Geral da Mesa do Senado Federal, onde Cristiane estava lotada. Uma outra funcionária da seção reiterou que Cristine era uma profissional exemplar. "Quando eu entrei aqui, há uns quatro anos, ela já estava lotada no setor. A nossa colega trabalhava na área de relatórios. Não tinha uma função específica, mas um conjunto de atribuições", contou a mulher de 49 anos, que também pediu anonimato.
De acordo com ela, a funcionária pública não agia de maneira diferente dias antes de entrar de folga. "Ela sempre teve um comportamento normal, igual aos britânicos e japoneses", comparou a funcionária. Segundo ela, a correria diária na seção impedia que Cristine tivesse um contato com os outros além do profissional. "Ela era muito reservada. Só a conhecia profissionalmente", descreveu.
Cristiane havia pedido folga para visitar os filhos, que passavam férias em São João Del Rei. As crianças são fruto de 15 anos de união estável. O casal estava separado há pelo menos um ano e meio, quando Romeu mudou-se para Belo Horizonte. O crime ocorreu por volta das 13h da última quinta-feira. A servidora voltaria para Brasília a partir de Belo Horizonte e pegou uma carona oferecida pelo ex-marido, que mora na capital mineira. Entre São João Del Rei e o aeroporto de Confins, em BH, uma discussão teria motivado o assassinato, às margens da BR-040. Preso em flagrante, Romeu permanece preso na penitenciária da cidade de Mariana, em MG.