Não são apenas flores, folhas e frutos que brotam das árvores da Universidade de Brasília (UnB). Delas, também saem rostos, mãos e até um bebê. São peças em argila ou breu, um tipo de resina, esculpidas por alunos de artes plásticas para chamar a atenção para os problemas ambientais. Os troncos e os galhos ganham feições humanas na tentativa de aproximar o homem da natureza e tornar mais afetiva e respeitosa a relação entre os dois. Os estudantes fazem parte do grupo Coletivo Aia, palavra que quer dizer alma em linguagem indígena. Eles fazem moldes do próprio rosto e de outras partes do corpo com esses materiais e, depois da secagem, os encaixam no corpo das árvores.
As cores das máscaras feitas em argila ou breu são parecidas com o tom dos troncos, por isso, misturam-se a eles e passam a fazer parte da estrutura. Quem caminha pelo câmpus muitas vezes se surpreende com a cena: uma mão sai da casca ou um rosto expressivo fita o espectador. A ideia surgiu depois da derrubada de árvores na UnB para a construção de uma maloca, perto de uma área conhecida como Maquete e também da Faculdade de Direito. ;Notamos a derrubada de várias espécies nativas. Achamos muito estranho e resolvemos checar com os responsáveis pela obra. Descobrimos que eles não tinham autorização do câmpus para derrubar tantas unidades. Daí, surgiu o protesto;, contou Camila de Araújo, 23 anos, uma das participantes do projeto e aluna do 6; semestre de artes plásticas.