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No canto mais pontiagudo do quadradinho, no ponto mais distante do Plano Piloto, onde o Distrito Federal faz fronteira com Minas Gerais e Goiás, vive um povo muito antigo, de uma goianidade remota, banhada pelo caudaloso Rio Preto, a demarcação leste do território da capital federal. Com a Represa de Queimados, o rio se alargou e criou praias de terra firme numa chácara que pertenceu a dona Nega e seu Amâncio e onde hoje mora um dos três herdeiros do casal, Avanito Amâncio Ribeiro e o tio, Sebastião, o Iãião, de 82 anos.
A sede da chácara é uma das casas mais antigas do Distrito Federal. Não se sabe ao certo há quanto tempo foi construída com adobe, pedra e aroeira, mas, por certo, terá mais de 150 anos, somando-se o período em que estava mais perto da margem do rio. Há mais de 60 anos, os moradores desmancharam a velha moradia e com os mesmos materiais ergueram-na numa elevação próxima. O telhado preto de fuligem, o banco feito de uma peça inteira de bálsamo, a cozinha construída dois degraus abaixo do restante da casa, o riacho correndo a menos de três metros, o rio um pouco mais ao longe ; tudo cheira a Brasil profundo.