Cidades

Amigos e familiares se mobilizam atrás de pistas de jovem desaparecido

Historiador de 25 anos está desaparecido desde a segunda-feira. Ele deixou a casa da namorada, na Asa Norte, para trabalhar e não deu mais notícias

postado em 17/08/2012 06:23

O sumiço de Bruno Lotti (acima, em dois momentos, barbudo e sem a barba) intriga e preocupa quem conhecia a rotina dele

Há quatro dias, o historiador e estudante de ciências sociais da Universidade de Brasília (UnB) Bruno Mendonça Lotti da Cunha, 25 anos, está desaparecido. Ele não dá notícias aos familiares e aos amigos desde o último sábado, quando também não apareceu no trabalho, o Centro de Documentação (Cedoc) do Correio Braziliense. Bruno foi visto pela última vez por Bianca Póvoa, 33 anos, com a qual mantém um relacionamento amoroso recente. A professora contou à reportagem que ele ficou na casa dela, na Asa Norte, por uma semana, inclusive no sábado e no domingo, e, na última segunda-feira, por volta das 14h, saiu dizendo que iria trabalhar ; ele não explicou a ela o motivo de ter faltado ao serviço no fim de semana, quando estava em plantão.

O jovem usava calça jeans escura, camiseta roxa e tênis branco. Estava de óculos de grau e com a barba crescida. Segundo Bianca, Bruno teria só um cartão de crédito na carteira e pediu R$ 10 para comprar cigarro. ;Depois disso, ele me deu um beijo e disse que ligaria, mas não ligou nem voltou mais. Também não foi ao trabalho;, contou. Bianca acrescentou que o historiador não usa drogas. ;Não é a vibe (onda) dele.;

Segundo conhecidos dele, isso nunca ocorreu antes. A mãe do jovem, Osmeire Mendonça da Silva, 50 anos, registrou ocorrência do sumiço, na última terça-feira, na 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte), responsável pela investigação. Osmeire mora em Goiânia, mas esteve em Brasília para registrar o desaparecimento. Ela falou com o filho na noite do último sábado. ;Liguei para ele, um colega atendeu e disse que ele tinha esquecido o celular. Conseguiram contatar o meu filho, e ele me ligou dizendo que estava tudo bem;, lembra a mãe. Essa foi a última vez que Osmeire conversou com o filho e, desde então, não consegue mais dormir. ;Eu não sei mais o que fazer;, desabafou.

Osmeire acrescentou que o filho tinha combinado passar o domingo do Dia dos Pais com o pai, Geraldo Lázaro da Cunha Júnior, na Asa Norte. Entretanto, Bruno não compareceu ao compromisso. No sábado, o historiador também faltou a um jogo de futebol, marcado com amigos. Conseguiu ainda uma folga no trabalho para ontem, data da colação de grau da irmã Thalita Lotti, formanda em direito. ;Ele não faltaria a esse evento;, acredita a mãe.

Jovem não usava drogas e jamais havia faltado a um compromisso no trabalho
;Preocupante;
Bruno mora com dois amigos em um apartamento da 416 Norte, o engenheiro civil Pedro Ricardo Caixeta, 24 anos, e Vinícius Limongi, 25. ;A semana inteira ele não ficou em casa e não sei como ele estava, mas ele nunca foi de se isolar, se dá bem com todo mundo e nunca teve problemas financeiros. Não sei de nenhum motivo para ele sumir;, afirmou Pedro Ricardo, que o conhece há pelo menos 10 anos. ;A gente não sabe de nenhum problema dele com dívida, mulheres, jogo ou drogas. Ele é super-responsável com as coisas dele. Por isso, a gente está bastante assustado;, disse Vinícius.

Bruno também nunca faltou ao trabalho, segundo a coordenadora do Cedoc do Correio, Raquel Improissi. ;Ele é um menino prestativo, pontual e não falta. Sempre que ele vai chegar atrasado, liga e avisa.; Para a amiga do mesmo departamento, Lélia Charliane Andrade, 27 anos, o desaparecimento dele causa estranheza. ;Ele é extremamente responsável e nunca o vi entristecido com alguém. É muito amado e querido e a gente não acredita que algo de ruim possa ter acontecido.;

Ontem à tarde, a companheira e dois amigos prestaram depoimento na 2; DP. Para o delegado-chefe da unidade, Rodrigo Pires, é cedo para afirmar as causas do desaparecimento. ;As equipes estão empenhadas e, até o momento, não temos informações sobre o paradeiro dele. Vamos exaurir todas as hipóteses, mas é um caso preocupante por se tratar de uma pessoa responsável. O perfil dele é diferente dos casos de desaparecimento que costumamos registrar;, destacou.

Depoimento

;Não sei mais o que fazer;


;Moro em Goiânia e falei com o meu filho no sábado. Liguei no celular dele, um colega atendeu e disse que ele tinha esquecido o celular na casa dele. Conseguiram contatar o meu filho, e ele me ligou dizendo que estava tudo bem, mas que estava sem celular. No domingo, era Dia dos Pais e ele disse para mim que ia passar com o pai dele, na Asa Norte, mas ele não apareceu nem procurou o pai. Na segunda-feira, eu esperei o horário de ele ir trabalhar, mas ele ainda não tinha chegado e me informaram que o meu filho não aparecia no serviço desde sábado. A última pessoa que viu o Bruno foi a namorada dele. Ela disse que viu o meu filho por volta das 14h de segunda-feira e que ele tinha saído com o crachá do jornal. Eu estou sempre em contato com o meu filho e não teve um dia que ele não estivesse trabalhando. Não tem motivo para ele desaparecer. Não houve briga com ninguém. Ele é um rapaz muito tranquilo. O Bruno gosta de viajar, mas também não sairia sem me avisar e tinha confirmado presença na colação de grau da irmã (ocorrida ontem). Fiz ocorrência, mas, até agora, eu não tenho notícia dele. Todo mundo está mobilizado, procurando nos hospitais e divulgando o sumiço nas redes sociais. Eu não sei mais o que fazer.;

Osmeire Mendonça da Silva, 50 anos, mãe de Bruno, assistente administrativa e moradora de Goiânia


Mobilização
Amigos e até desconhecidos de Bruno divulgaram o desaparecimento dele em um site de relacionamentos. Até ontem, a postagem tinha quase 2 mil compartilhamentos e vários comentários preocupados com o sumiço. Colegas do historiador o procuraram em hospitais, no Instituto de Medicina Legal (IML), em terminais de ônibus e em delegacias. Nenhuma pista foi encontrada. Eles ainda solicitaram imagens da Rodoviária do Plano Piloto para saber se Bruno pegou algum veículo no local, mas foram informados de que as filmagens só poderiam ser repassadas mediante autorização judicial.

Atenção

Quem tiver alguma informação sobre Bruno pode entrar em contato com:

; Disque Denúncia da Polícia Civil por meio do telefone 197
; Ligar no 3348-1900, na 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte)
; 190, da Polícia Militar
; Ou mandar e-mail para desaparecidos@sedest.df.gov.br

Confira a reportagem da TV Brasília:

[VIDEO1]

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação