postado em 25/08/2012 07:30
Uma área tombada, localizada na Vila Planalto, tornou-se depósito de materiais de construção e entulho. Trata-se do terreno que abriga uma das cinco unidades residenciais do chamado Conjunto Fazendinha. Todas as casas do espaço são feitas de madeira e foram erguidas em meados da década de 1950. Além de amontoados de terra, pilhas de madeira e de armações metálicas foram flagradas no local. Lá, funciona a Gerência de Obras da Administração de Brasília. Representantes do órgão admitem que o ponto é utilizado para armazenar materiais eventualmente. No entanto, não consideram a prática ilegal. ;Na área interna, funciona, de maneira precária, um escritório da Gerência de Obras. Ali não é um depósito. Já na área externa, guardamos materiais, como peças de parquinhos que precisam ser reformados;, explica o diretor de Desenvolvimento Econômico da Administração de Brasília, Luciano Lucas da Silva. ;A interpretação de ser irregular ou não pode variar de pessoa para pessoa. De toda forma, nossa ideia é deixar esse espaço e ir para o Parque da Cidade. Antes disso, queremos que a casa seja reformada. Só não deixamos o espaço ainda porque temos receio de que ele seja ocupado por moradores de rua;, completou.
Vizinhos do terreno também reclamam da situação do Conjunto Fazendinha. Segundo a auxiliar administrativa Maria Luciene Felix, 25 anos, os filhos de dois e cinco anos sofrem com a poeira levantada pelo vento. Ela mora de frente ao espaço. ;Meus meninos são alérgicos. Direto, eles têm crises. Já tem mais de anos que esses montes de terra e esse entulho está aí. Fica complicado conviver com isso;, lamenta.
Além de tarefas ligadas ao Executivo, nas instalações do Conjunto Fazendinha, são desenvolvidos trabalhos da Igreja Católica, de uma instituição de assistência social e de uma associação voltada ao atendimento de pessoas excepcionais. Embora uma das casas tenha sido reformada, a situação não se estende às demais. As edificações são precárias. Muitas delas têm paredes apodrecidas e possuem buracos por todas as partes.
;É um horror;
Para o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Brasília, Alfredo Gastal, a situação do lugar é absurda. ;É um contrassenso o que temos ali. É um horror. A Administração de Brasília não pode usar o espaço como um depósito. É preciso cuidar. Tem uma comunidade inteira que comunga daquele ambiente;, ponderou. ;Estão matando a raiz de Brasília. É uma falta de respeito não investir na preservação. O que assusta é o próprio governo contribuir para deterioração do local;, emenda.
Gastal salienta que bens de madeira, como as cinco unidades residenciais do Conjunto Fazendinha, vêm sofrendo com a ação do tempo. Segundo ele, os problemas fundiários da capital dificultaram a proteção deles. O superintendente do Iphan em Brasília alega ainda que a entidade está de mãos atadas. ;Não tenho equipe ou condições institucionais para intervir;, justifica.
A Secretaria de Cultura pretende pleitear, no GDF, a ocupação do espaço em que está instalada a Gerência de Obras. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, foi feito um pedido para a Administração de Brasília, inclusive, para a retirada dos materiais da área externa, mas, até o momento, não houve resposta. A ideia da Secretaria de Cultura é revitalizar o espaço.