Cidades

Obras realizadas no Mané Garrincha unem gerações de operários anônimos

Renato Alves
postado em 27/08/2012 06:18
Encarregado de obra, o mineiro José Ribeiro de Souza teve como mestre o pai, Olegário, com quem aprendeu a profissão

O arquiteto Eduardo de Castro Mello participou da construção do velho estádio Mané Garrincha, nos anos 1970, ao lado do pai e colega de profissão Ícaro de Castro Mello. Ambos também assinaram os projetos do Nilson Nelson, do Cláudio Coutinho e o traçado do autódromo Nelson Piquet. Ícaro morreu em 1986, aos 72 anos. Agora, com 67, Eduardo comanda a empreitada da nova arena de Brasília com o filho Vicente, 36. A família Castro Mello é sinônimo de arquitetura esportiva no Brasil, história iniciada pelo patriarca Ícaro, protagonista de uma vida marcada por vitórias. Ele foi campeão brasileiro e sul-americano de salto em altura e decatlo, de 1930 a 1945, tendo representado o país nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. Paralelamente à bem-sucedida carreira de atleta, Ícaro começou a se dedicar aos estudos.

Mestre carpinteiro

Além de Eduardo e do filho Vicente, outros 18 arquitetos ; entre esses, três estrangeiros ; participam direta ou indiretamente da empreitada, por meio de consultoria. Para concretizar as ideias, há 71 engenheiros e cerca de 4 mil operários. Entre esse exército de anônimos, existem profissionais com experiência em outras grandes obras, incluindo estádios. Gente como José Ribeiro de Souza, 58 anos. O mineiro de Unaí chegou a Brasília em 1972 para ganhar a vida como carpinteiro. Bom de serviço, com cinco filhos e casa própria, virou encarregado de obra em 1987 e nunca mais deixou de ser chefe. Comandou a construção e as reformas do Estádio Bezerrão, do Teatro Nacional e do Centro Cultural Banco do Brasil, entre outras edificações de destaque da capital.

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