Jornal Correio Braziliense

Cidades

Para suportar ócio, presos criam passatempos e adaptam jogos inusitados



Se o Complexo Penitenciário da Papuda fosse uma feira, seria possível encontrar de tudo. Para superar os anos de cárcere, às vezes décadas, detentos usam a criatividade e produzem cachaça, armas artesanais e até um criativo jogo de tabuleiro. Tudo é vendido. O sistema proíbe qualquer tipo de negócio entre internos, mas nem por isso o comércio clandestino deixa de existir. Mesmo em celas diferentes e distantes uma das outras, os condenados conseguem promover escambo de cigarros, drogas, sabonetes e comida.

[SAIBAMAIS]Fazem isso por meio de ;teresas;, cordas feitas com lençóis, em que ganchos são improvisados na ponta do tecido. Depois de se certificarem de que os produtos estão bem amarrados, eles iniciam um movimento semelhante ao de uma pescaria. Atrás das grades, os detentos esticam ao máximo o braço e tentam lançar a teresa dentro da cela do colega. Ao receber a encomenda, o preso deve fazer o mesmo procedimento para entregar o dinheiro. Muitas vezes, concluir uma simples transação pode durar o dia todo.