Jornal Correio Braziliense

Cidades

Militares do DF participam como voluntários na reconstrução do Haiti

Eles garantem segurança, distribuem alimentos e levam até recreação aos moradores



Porto Príncipe - Nas horas de folga, Luís Carlos Alexandre de Andrade se veste de palhaço. O jovem de 21 anos faz a alegria de crianças, adolescentes e adultos em escolas, creches, praças. Nada de extraordinário, se ele não fosse um soldado servindo voluntariamente no Haiti e fizesse sorrir uma gente sem acesso a água e esgoto tratados, a comida, a educação básica. As palhaçadas desse morador de Samambaia são uma das poucas felicidades dos haitianos, privados também de qualquer forma de lazer.

[SAIBAMAIS]Como Luís, muitos brasilienses ajudam na reconstrução e na segurança do Haiti. Eles fazem rondas, distribuem bebida, alimento, dão lições de higiene e até divertem os moradores. Dos 1.877 militares brasileiros servindo na missão de paz no mais miserável país das Américas, 339 pertencem a unidades das Forças Armadas do Distrito Federal. Outros 70 estão lotados em Cristalina (GO), cidade do Entorno distante 132km de Brasília.

São de soldados a oficiais, homens e mulheres. Todos voluntários dispostos a aprender com os haitianos e a dar sua contribuição para um futuro mais promissor à nação caribenha arrasada por um terremoto em janeiro de 2010. Desembarcaram no país da América Central em abril e ficarão por lá ao menos por oito meses. Nesse período, mesmo com direito a dias de folga, muitos não retornarão ao Brasil para rever os amigos, familiares, namorados, maridos. Além de tempo, precisam de dinheiro para a viagem, que não sai por menos de R$ 1,5 mil.

Miséria


A distância, a saudade, o desconforto, o contato permanente com a miséria, nada desanima esses brasileiros. Todos afirmam se realizar profissional e humanamente na missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, que, desde o início, em 2004, tem o Brasil à frente no campo militar. ;É uma oportunidade única de conhecer outras pessoas e culturas. Gosto, especialmente, das crianças porque o mundo precisa delas, elas farão a diferença;, comenta Luís, o soldado-palhaço.

Recreações como as que realiza no Haiti ele faz no Brasil há mais tempo, também como voluntário, em atividades da Pastoral da Criança. Mas para interagir com os haitianos, Luís teve instruções em crioulo, idioma falado por quase toda a população. Outra diferença é que, no país onde agora serve, o seu público não conhece circo nem palhaço. Por isso, quando o vê pela primeira vez, com a cara pintada, a peruca cor de rosa e o nariz vermelho, a maioria fica hipnotizada.