Em 2000, o arquiteto Roberto Converti era o subsecretário de Desenvolvimento Urbano de Buenos Aires. A capital argentina convivia havia anos com uma zona portuária muito próxima ao centro, mas distante da elegância do coração da cidade. Coube a ele encabeçar um grupo de trabalho envolvendo servidores municipais e federais para dar outra cara e outro fim às margens do Rio da Prata.
Uma parceria público-privada conseguiu criar um polo turístico, com bares, restaurantes e hotéis, frequentado por visitantes e pela população local. Puerto Madero é o encontro entre arquitetura de ponta e funcionalidade. Tudo feito sem o Estado desembolsar mais do que os cofres públicos arrecadaram com a venda das terras. A experiência, entre outras bem- sucedidas, transformou o caso em exemplo e Converti em um dos profissionais mais aclamados na América Latina quando o assunto é renovação de espaços públicos.
Brasília e Buenos Aires são cidades de concepções completamente diferentes, mas partilham problemas enfrentados por países em desenvolvimento ; e alguns já desenvolvidos. O inchaço crescente das metrópoles impõe desafios que extrapolam o óbvio. Os governantes precisam encontrar maneiras de planejar a fim de prevenir gargalos em áreas como habitação, mobilidade urbana e serviços públicos. Devem resgatar a dignidade de zonas degradadas, mas fazer o trabalho com coerência e beleza. ;Cada cidade tem que pensar em suas próprias características para encontrar soluções para os problemas. Mas podemos aprender com a experiência de nossos vizinhos;, diz o arquiteto.