Quem mora no Distrito Federal está gastando mais do que pode e devendo acima da média nacional. Nem mesmo a alta renda per capita (por pessoa) consegue tirar do DF o destaque como a unidade da Federação campeã no valor das dívidas não quitadas. Ao contrário, o desempenho dá margem a consumo de bens mais caros, empréstimos fáceis e dívidas amargas.
Um levantamento feito pelo Correio com os últimos dados divulgados pelo Banco Central mostra que cada brasiliense deve, em média, R$ 531,30 a instituições financeiras. O valor está 122,3% acima da média nacional ; R$ 238,94. A dívida do consumidor do DF chega a ser 50% superior ao segundo colocado do ranking, o estado de Goiás, cuja média é de R$ 352,22.
São Paulo e Rio de Janeiro seguem na sequência (veja Inadimplência). Para os especialistas, a explicação está na ampla oferta de crédito nessas regiões, o que contribui para o endividamento. ;Os estados onde a quantia devida é mais alta são, geralmente, cidades maiores e onde há maior renda per capita, o que dá mais segurança para as instituições financeiras liberarem o crédito;, explica Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico do Serasa Experian. Estados mais pobres, como Pará e Piauí, aparecem com valores de inadimplência menores justamente porque seus moradores têm menos acesso a empréstimos bancários.
Atrativos
O servidor público Danniel Costa, 23 anos, se endividou por conta das vantagens oferecidas para concursados. Assim que começou a trabalhar na Secretaria de Educação, em 2010, recorreu ao crédito para ajudar o pai a pagar as prestações atrasadas de um carro. ;Peguei R$ 30 mil emprestados para aliviar as dívidas dele, que somavam R$ 120 mil. Deste total, R$ 20 mil eram de crédito consignado, descontado na folha de pagamento, que só é concedido a quem trabalha em órgãos do governo;, lembra. O nome do jovem ficou em cadastros de proteção ao crédito por dois anos. ;Era muito constrangedor. Uma vez queria alugar um filme e não pude porque meu nome estava sujo;, conta.