postado em 16/10/2012 06:59
No Plano Piloto, tudo que se vê das janelas são paredes de concreto. Ao sair da Asa Sul, é possível passear por algumas regiões do DF, como Guará, Park Way, Águas Claras, Samambaia, Taguatinga e Ceilândia. Cerca de 130 mil pessoas veem esses cenários diariamente e, mesmo com tanta gente, o metrô é silencioso. Se não fosse o som dos trens passando pelos trilhos, com o condutor acelerando e freando, seria possível ouvir uma agulha caindo no chão. Lá e cá, avisos no alto-falante anunciam as paradas e pedem silêncio, em respeito à tranquilidade dos usuários do transporte. O pedido é cumprido pela maioria, que ouve música nos celulares com fones de ouvido, lê ou cochila. Em raros casos, algumas duplas quebram o código velado de silêncio e batem papo em voz baixa.Como em qualquer lugar cheio de gente, em algum momento, as pessoas acabam se manifestando. No caminho de Taguatinga Sul a Águas Claras, no meio da manhã, o trem para, de repente. Os passageiros se entreolham, apreensivos e desconfiados. Logo, a voz do condutor ressoa no vagão: ele precisara frear porque a via fora invadida. Como se tivessem combinado, todos se levantam imediatamente dos bancos e correm às janelas para ver um homem aparentemente embriagado e perdido atravessar os trilhos, subir a ladeira do lado direito do trem e pular uma cerca. Alguns reclamam que vão se atrasar, outros suspiram, chocados com a visão de uma pessoa correndo tamanho risco. Poucos minutos depois, com o pedestre fora do campo de visão e de perigo, o condutor segue viagem, em baixa velocidade. O silêncio é retomado.