postado em 19/10/2012 06:05
Recentemente, a Polícia Civil do Distrito Federal tem se notabilizado mais pelas constantes paralisações do que pelo combate ao crime. Entre 3 de março de 2011 ; data do primeiro movimento grevista daquele ano ; até hoje, os agentes cruzaram os braços em cinco oportunidades. Foram 597 dias desde então. Nesse período, os servidores não trabalharam com o efetivo completo em 120, o correspondente a 20% do total. A atual greve, que no domingo completa dois meses, já é a maior da história da corporação. Até então, a mobilização iniciada há um ano e com duração de 37 dias era considerada a mais longa (veja Cronologia). E, se depender da categoria, a população continuará sem conseguir fazer o registro de alguns crimes, como furto, lesão corporal e acidentes de trânsito.
A administradora de empresas Cleônia Santana, 47 anos, bateu o carro na semana passada. Ela precisa de um boletim de ocorrência para enviar à empresa de seguro e garantir o concerto do veículo. Dirigiu-se à 5; Delegacia de Polícia (Área Central de Brasília), mas teve de voltar para casa sem o documento. ;Vim aqui e o agente disse que não ia registrar por causa da greve. Ele sugeriu que eu fizesse pela internet. Fiz todo o processo, mas o documento não é homologado, o que não resolve a minha situação;, contou.
Na quarta-feira, o diretor-geral da corporação, Jorge Xavier, garantiu que todas as ocorrências seriam computadas, independentemente da gravidade do delito. Porém, pouca coisa mudou nas delegacias. A reportagem do Correio percorreu algumas unidades, na tarde de ontem, e constatou que os policiais ignoraram a ordem do comando. A secretária Elza Lombre, 53 anos, passou por problema semelhante. Na tarde de ontem, ela quebrou o braço em um acidente de trânsito. O veículo dela foi atingido em cheio por outro carro, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Após Elza ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e medicada no Hospital de Base do DF (HBDF), a família a levou para a 12; DP (Taguatinga Centro), que fica perto da casa dela, mas a viagem foi perdida. ;De certa forma, eu me sinto um pouco envergonhada com isso tudo. Pago um imposto alto para bancar o gordo salário deles (policiais) e não sou tratada com dignidade;, reclamou.
Cronologia
Em 597 dias, os agentes passaram 120 de braços cruzados, o que corresponde a 20% do total.
Veja as datas das paralisações
; 23 de fevereiro a 3 de março de 2011: 9 dias de greve
; 31 de março a 15 de abril de 2011: 16 dias de greve
; 20 de outubro a 25 de Novembro de 2011: 37 dias de greve
; 22 de agosto até hoje: 58 dias de greve