postado em 20/10/2012 08:38
Paulo Freire foi um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial. Entre as milhares de frases dele sobre educação, uma se encaixa ao assunto da coluna do Ser Sustentável este mês: ;Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo;. E, com essa filosofia, milhares de cidadãos brasileiros se esforçam em disseminar o pensamento de que é simples e necessária a consciência ambiental. Parte de nós o primeiro passo, principalmente por meio da educação ambiental.
O tema não é novo, mas tem sido reforçado nos últimos anos. Em junho, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, homologou as diretrizes curriculares nacionais para a educação ambiental, em meio à participação do MEC na Conferência Rio%2b20. A pasta pretende, em pouco mais de um ano, envolver 13 mil escolas da educação básica e 4 milhões de estudantes do sexto ao nono ano do ensino fundamental para discutir questões ambientais.
O objetivo é inserir o tema no ensino regular ; mas, na visão de Vera Lessa Catalão, pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Educação da UnB na área de educação ambiental, a discussão está ancorada no cotidiano. Logo, crianças e adultos devem se envolver no processo. ;Os conceitos teóricos nos ajudam a distinguir as coisas, mas é preciso mudar a vida. Educação ambiental se tem em todo lugar, seja em casa, nas formas que escolhemos para nos locomover, nos tratamentos de saúde, na produção de alimentos. Ela é, na verdade, uma crítica ao modo de vida atual;, defende. Ou como diria Paulo Freire: ;Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção;.
Curiosidades
13 mil
Número de escolas da educação básica que vão discutir e aprender sobre as questões ambientais após o MEC homologar as diretrizes curriculares nacionais para a educação ambiental
Calendário verde
12 de outubro
Importante fonte de alimento, de emprego, de energia, além de inspiração para poetas, o mar recebe homenagens neste dia. A data sugere que a população reflita e colabore para que os oceanos não se transformem em lixões, sendo preservados para a nossa e as futuras gerações.
15 de outubro
Assim como os professores, o educador ambiental é homenageado neste dia e não só por ensinar que jogar lixo no chão é errado. Ele participa de um processo educativo que envolve ciência, ética, compromisso, atitudes e valores, no âmbito individual e coletivo.
Três perguntas para
Vera Lessa Catalão
Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Brasília (UnB) na área de educação ambiental e orientadora pedagógica da Escola da Natureza ; SEEDF.
Em qual momento da vida a educação ambiental deve ser inserida?
A educação ambiental se expande para além da educação formal. Na primeira e na segunda infâncias, existe uma relação mais aflorada entre as crianças e a natureza, momento ideal para a aprendizagem. É impressionante como é fácil comovê-las para cuidar dos seres vivos e de si mesmas. A educação se torna não só um ensino formal, mas uma reforma de pensamento.
A população do DF é bem informada sobre educação ambiental?
Pesquisas indicam que os brasileiros, em geral, consideram o tema ambiental como importantíssimo e, no DF, não é diferente. A informação ambiental aqui é extremamente necessária, pois muito do que fazemos errado é por ignorância. E há o outro lado: quando a pessoa faz a parte dela e vê que nada acontece, ela fica desanimada. Vemos isso acontecer o tempo todo na cidade. Precisamos de mais ensinamento e principalmente de mais encantamento para cuidar da natureza e de nós mesmos.
Há algum programa em destaque no DF que trate da educação ambiental?
Trabalho há 16 anos no programa Parque Escola, que está inserido no projeto Escola da Natureza (da Secretaria de Educação do Distrito Federal). Nele, a educação é disseminada dentro de uma perspectiva de sustentabilidade em escolas públicas do Plano Piloto. Trabalhamos, aliado a isso, a formação dos professores que trazem esses alunos. São oferecidas várias oficinas, como a de reciclagem, a de pintura com pigmentos naturais, jogos cooperativos sobre biodiversidade, entre outros.
Confira mais informações sobre o projeto no site