postado em 10/11/2012 11:15
A greve da Polícia Civil do Distrito Federal completa hoje 80 dias. Com parte do efetivo de braços cruzados, os moradores do Distrito Federal encontram dificuldades para registrar ocorrências. O maior movimento da história da corporação também atrapalha o andamento de investigações. Mas a segurança pública deve piorar. Os policiais militares decidiram voltar com a Operação Tartaruga, que consiste em atrasar o atendimento nas ruas.No início do ano, os praças deflagraram movimento semelhante, e a capital do país mergulhou numa onda de violência (leia Entenda o caso). Só em março, 88 pessoas foram assassinadas, média de quase três por dia. A marca é a mais alta já registrada em apenas um mês. Também disparou a quantidade de sequestros relâmpagos. O anúncio da retomada do trabalho lento foi feito em reunião realizada na Praça do Relógio, em Taguatinga, na última quinta-feira. Cerca de 500 PMs e bombeiros estiveram presentes.
A subcomandante da corporação, coronel Vanuza Naara, desqualificou as medidas radicais tomadas pelo grupo de praças e garantiu punição aos que tentarem ;perturbar a ordem pública;. ;Esse pequeno grupo não representa os 22 mil PMs (ativos e inativos) do DF. Essa minoria irresponsável não pode subir em carro de som e achar que vai conseguir desestabilizar uma instituição centenária. A Corregedoria está monitorando os promotores desse ato, e medidas judiciais e administrativas serão tomadas;, afirmou Vanuza.
A postura do alto escalão da PM não intimidou as lideranças das associações dos policiais, que já vislumbram um cenário semelhante ao visto entre fevereiro e abril, quando a Operação Tartaruga se arrastou por 59 dias. ;É natural que os índices de criminalidade subam. A sociedade vai voltar a sofrer, mas a culpa disso é do governo, que não atendeu a nenhuma das nossas reivindicações;, disse o sargento Manoel Sansão, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do DF (Aspra-DF). Entre as principais reivindicações estão a implementação da carreira e reposição salarial de 66%.
Ganho real
O secretário de Administração Pública, Wilmar Lacerda, responsável por intermediar a negociação,pediu aos policiais que entendam a linha adotada pela União de não conceder reajustes em 2012. Lacerda lembrou que os PMs tiveram ganhos reais com o aumento de R$ 200 no tíquete alimentação e mais R$ 150 de gratificação por risco de vida. ;Aquilo que dependia do GDF foi feito, mas as mudanças na base salarial dependem de autorização do governo federal;, disse.
Justiça manda Polícia Civil voltar ao trabalho
No início da noite de ontem, o desembargador Esdras Neves, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), mandou suspender integralmente a greve dos policiais civis. A decisão foi tomada a pedido do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT). A categoria precisa retomar imediatamente o trabalho, sob pena de incorrer em descumprimento de decisão judicial. Qualquer ato de violação à decisão acarretará multa de R$ 100 mil a ser paga pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-DF).