postado em 22/11/2012 06:00
Com a chegada do fim do ano, moradores de rua ocupam os canteiros de Brasília em busca de doações. A permanência de boa parte deles na região não ultrapassa três meses e se encerra até dezembro. Mas, se por um lado, alguns têm data certa para voltar para casa, outros passam anos nas ruas. Em pelo menos duas áreas nobres da capital, o número de barracos aumentou a olhos vistos. Na L3 Norte, próximo à Universidade de Brasília (UnB), e na 910 Norte, perto de colégios particulares, famílias inteiras vivem por lá há mais de 10, 20 anos. Levantamento feito no ano passado pela UnB mostra que há pelo menos 2.500 pessoas morando nas ruas do Distrito Federal. Do total, 30% estão no Plano Piloto, onde se concentram a renda e o emprego.
Nos dois locais visitados ontem pelo Correio, os moradores recolhem das ruas materiais recicláveis para vender. Werbeth, 20 anos, que preferiu não informar o sobrenome com medo de represálias, conta que mora na L3 Norte, próximo à UnB, desde que nasceu. Bem pequeno, já ajudava a recolher papelões e outros produtos para serem recuperados e hoje vive dessa renda. ;A gente sofre preconceito de todos os lados, mas estamos aqui trabalhando. Ninguém é bandido;, afirma. Pelo menos 20 famílias vivem no local. No fim da L3, às margens da pista, é possível ver barracos espalhados até próximo à Quadra 608. Todo o material recolhido durante o dia também fica por lá até as cooperativas passarem para buscar.
Justificativa
A maioria dos moradores de rua próximo à UnB têm casa em Planaltina de Goiás. A justificativa para ficar tanto tempo na rua sem aparecer na residência é o fato de não conseguir emprego na cidade goiana. ;A gente fica uns 15 dias aqui e vai para casa. Preciso levar o dinheiro do aluguel, da água e da luz. Não consigo pagar passagem todos os dias;, disse Maria de Lurdes, 38 anos. A mulher também não quis revelar o sobrenome.