Cidades

Participantes do Miss na Rua têm dia de modelo com direito a megaprodução

postado em 26/11/2012 21:58
Quando andam pelas ruas no dia a dia, elas passam despercebidas por muita gente. Mas na noite desta segunda-feira (25/11), essa realidade mudou e elas ganharam uma atenção diferente. Nove mulheres moradoras de rua ou de invasões desfilaram em uma passarela. Tiveram roupas, maquiagem e tudo o aquilo que os modelos precisam. Elas participaram da primeira edição do Miss na Rua. As nove foram coroadas no fechamento de um projeto que durou seis meses em um evento no Taguaparque, com público estimado em 100 pessoas.

Mônica Dias Carvalho, 38 anos, morava nas ruas do centro de Taguatinga. Hoje, ela paga aluguel em uma casa na mesma cidade e se diz orgulhosa por ter inspirado o projeto promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest). "As meninas tiveram a ideia quando me viram. Não acreditei muito, mas aceitei a proposta porque não estava fazendo nada. Hoje, estou resgatando coisas que nem me lembrava mais. Me sinto uma verdadeira miss", conta. Além de aprender a cuidar melhor da própria aparência, Mônica retomou o projeto de estudar.

Não foi só a produção para o desfile que provocou as mudanças. Por seis meses, assistentes sociais, psicólogos e funcionários da Sedest se reuniram com as mulheres semanalmente no Centro de Referência da Assistência Social de Ceilândia. "No início, nosso trabalho era apenas de resgatar a autoestima, mas ele cresceu dentro da secretaria e nós vimos que dava para trabalhar também com a autonomia delas", conta Melissa Neves, assistente social do Núcleo Especializado em Abordagem Social da Sedest.

O desfile também mudou as perspectivas de Joice de Nazareth Gomes, 25 anos. "Estou fazendo tudo isso pelo sonho de ter minha filha de volta. Não vou dispensar a oportunidade", afirma uma das mais animadas do grupo. Joice diz que sempre quis ser modelo. Antes do Miss na Rua, morava em um barraco que montou embaixo de uma árvore na Ceilândia. Agora, trabalha de babá e vive na casa dos patrões. Ela espera que, em pouco tempo, consiga levar para lá a filha de um ano e oito meses que atualmente está com o pai.

A dona de casa Regiane Reis Figueiredo, 29 anos, precisou convencer o marido para participar do projeto. "Ele achou que fosse besteira. Mas agora toda a família vem me ver desfilando", contou, animada. Uma das vantagens que ela aponta é a alegria que recuperou. O obstáculo para a participação de Cíntia Fernandes Armond, 23 anos, era diferente. Miss e grávida com nove meses de gestação, ficou grata às organizadoras do evento por definirem a data do desfile levando em conta a previsão de parto dela. "Nunca imaginei participar de algo assim. Está sendo importante porque estou redescobrindo minha autoestima, o brilho que tem dentro de mim", comemora.

O avanço do projeto atraiu parceiros e doações que ajudaram na elaboração da festa de encerramento. Entre elas, uma sessão de fotos em um estúdio do Lago Norte, um dia de beleza e a produção para o desfile em um salão no Lago Sul. A confecção dos vestidos do desfile envolveu voluntários. A partir de tecidos coloridos pelas alunas do Miss na Rua, estudantes do curso de moda do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) desenvolveram uma coleção e confeccionaram os modelos.

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