Cidades

Ambulantes prestam queixa na polícia contra agentes fiscalizadores da Seops

postado em 11/12/2012 21:13
Na tarde desta terça-feira (11/12), duas pessoas prestaram queixas contra a Secretaria de Estado de Ordem Pública e Social (SEOPS) na 5; Delegacia de Polícia. Rosivaldo Ângelo, 30 anos e Declyeer Vieira, 33, ambos ambulantes, acusam os fiscais da secretaria de espancamento. Testemunhas afirmam que seis pessoas já foram agredidas e temem que o mesmo aconteça com elas.



Por volta das 14h, Vieira foi flagrado pelos agentes da SEOPS vendendo celular de procedência suspeita na Rodoviária de Brasília. Com medo de ter a mercadoria apreendida, ele correu, mas logo foi pego e levado para a 5; DP. Segundo ele, no caminho, foi agredido. ;Dentro da van eles me deram socos, tapas e uma gravata. Neste momento, cheguei até a desmaiar. Ao acordar, escutei o motorista dizendo para eles pararem pois eu poderia até morrer. Durante o percurso, a van parou e eu ouvi um deles dizendo que ia colocar um ;negócio; em minhas coisas. Isso é maldade, covardia. Trabalho para cuidar de duas filhas e não uso drogas. Já vendi guarda-chuva, bolsas e, agora, celulares;, revelou.

Ainda segundo a vítima, os quatro agentes que lhe agrediram deixaram recados para os outros ambulantes. ;Todos que fossem pegos seriam agredidos e que agora eles iriam plantar provas (como a porção de maconha e de crack que colocaram em minhas coisas) e que íamos aprender como a Seops trabalha. Querem que deixemos a Rodoviária, mas não vamos sair, porque lá é o nosso sustento;, disse.
No final do dia, Declyeer foi para o Instituto Médico Legal para realizar exames e tentar comprovar as agressões.

[SAIBAMAIS]Na última sexta-feira, o caso se repetiu com Rosivaldo, que fez ocorrência e teria apanhado. ;Me pegaram vendendo celular e eu corri. Todos correm, porque não queremos perder nosso sustento. Tomei um chute na costela, fui parar no hospital e fiz até exame de corpo delito. Estou com medo. A história está se repetindo. O problema não é ser pego vendendo celular, e sim pensar que eles podem até nos matar. Isso é covardia;, ressaltou.

A respeito do caso de hoje, a Seops apresentou uma outra versão. O tenente Domingos Aguiar, diretor da operação Brasília Legal, responsável pela apreensão de mercadorias de origens duvidosa na época do Natal, afirmou que Declyeer foi quem agrediu os fiscais fisicamente, inclusive com injúrias raciais após ser detido.

A Seops afirma que não houve agressões aos ambulantes e que os fiscais só teriam usado a força para imobilizar o ambulante que reagiu a fiscalização. A secretaria informa que o homem tentou dar um soco no agente e proferiu ofensas racistas.

Em nota, a Seops garante que com o homem havia R$ 720 em espécie, além de pequenas quantidades de crack e maconha.

Confira a íntegra da nota da Seops:

Sobre o caso envolvendo servidores da Secretaria da Ordem Pública e Social (Seops) e ambulantes na área central de Brasília, a Secretaria esclarece:

Ao contrário da versão apresentada pelos ambulantes, não houve excesso durante a fiscalização. Os agentes não utilizaram força além da necessária para conter o vendedor irregular, que tentou reagir a operação.

Ele ficou irritado com a abordagem e quebrou o celular no chão. Partiu para cima do agente, proferindo, inclusive, ofenças racistas. O ambulante chegou a desferir um soco no olho do agente, que tentou imobilizá-lo par aconter a agressão injustificada. O ambulante foi contido pelos demais servidores e todos foram para a 5; Delegacia de Polícia, onde a ocorrência foi registrada.

Com o homem havia R$ 720 em dinheiro, além de pequenas porções de crack e maconha. O homem deve responder por desacato, resistencia e agressão. A ocorrencia por racismo ficará em apuração.

Pela área central de Brasília passam diariamente centenas de milhares de pessoas e os ambulantes, inclusive os vendedores de celulares roubados, aproveitam-se da intensa movimentação para promover o comércio ilegal. Para coibir essa prática, os órgãos de fiscalização do GDF, coordenados pela Seops, têm realizado operações diariamente no local, das 7h às 22h. Só nos últimos sete dias, mais de 200 aparelhos e acessórios para celulares irregulares foram apreendidos no local.

Sentindo a pressão pela perda de território, os ambulantes têm se organizado para tentar intimidar os agentes e fiscais com o intuito de reocupar a área. Seguidamente, eles vêm reagindo à fiscalização e tentado agredir servidores na esperança de lucrar com o aumento das vendas no período natalino.

A Seops, no entanto, reafirma o compromisso de aumentar a fiscalização e assegurar a organização dos espaços públicos, melhorando, com isso, a qualidade de vida da população do DF. A Secretaria informa que não é contra os ambulantes. Estes, no entanto, têm seu espaço assegurado para vendas nos eventos que ocorrem em todo o DF, além dos shopping populares e feiras. Lembrando que qualquer atividade comercial necessita de autorização.

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