Cidades

Cachoeira tentou grilar área pública gigante entre o Park Way e o Lago Sul

Pagou R$ 2 milhões para comprar, de um empresário, títulos falsos da Fazenda Gama. O esquema, com indícios de participação de servidores públicos, foi descoberto na Operação Monte Carlo

Ana Maria Campos
postado em 16/12/2012 07:25
O bicheiro condenado por chefiar uma quadrilha com métodos ousados, que se infiltrou na política, na polícia, em órgãos públicos e no meio empresarial, tentou levar um naco das terras do Distrito Federal, o negócio de ouro da capital da República. Condenado no início do mês a 39 anos e oito meses de prisão, Carlos Cachoeira comprou servidores para grilar uma área pública na cabeceira do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, ao lado de mananciais e de uma reserva ambiental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde a última terça-feira, o Correio publica a série ;O poder da terra;, na qual detalhou, em 13 páginas de reportagens até agora, vários aspectos sobre a questão fundiária do DF, desde a desapropriação de fazendas goianas que formaram a base do território da capital até os dias atuais.

Cachoeira tentou esquentar o título das terras que comprou ilegalmente
Carlos Cachoeira queria, por meio da corrupção, colocar em seu nome uma gleba de 4.093 hectares em área nobre, entre mansões do Park Way e o Lago Sul. Na tramoia, ele e seu bando investiram R$ 2 milhões para comprar títulos falsos da Fazenda Gama de um empresário, Mateus de Paiva Monteiro, que se diz o dono dos direitos de propriedade da área, mas não tem o registro imobiliário. O bicheiro usou empresas de fachada de seu esquema para fazer o pagamento de 35% do terreno, parte que comprou de Mateus. Ficou tão animado com as perspectivas de faturar com o negócio que depois negociou mais um quinhão, de 15,33%. O pagamento foi feito com a transferência de uma aeronave Cessna Aircraft 310R, prefixo PT-WYD, já registrada na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em nome de Mateus. O contrato está em nome de Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado de Cachoeira, apontado como laranja dele em várias operações.

Pagou R$ 2 milhões para comprar, de um empresário, títulos falsos da Fazenda Gama. O esquema, com indícios de participação de servidores públicos, foi descoberto na Operação Monte Carlo

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