Ana Maria Campos
postado em 17/12/2012 06:11
A terra no Distrito Federal é tão valiosa que até túmulo provoca a exploração econômica abusiva. Um contrato assinado em 2001 entregou a um grupo privado um negócio que mais uma vez mistura uso do solo com interesses políticos, empresariais e sociais. Nesse caso, há um agravante: envolve a dor de pessoas que perderam familiares e amigos. Na capital do país, onde cada palmo de chão é alvo de disputa, não há cemitério público. As seis unidades do DF (Brasília, Brazlândia, Taguatinga, Gama, Sobradinho e Planaltina) têm uma administração terceirizada que acumulou reclamações nos últimos anos, desde o preço, a conservação e a segurança dos jazigos, até a remoção indevida de restos mortais.
As falhas foram apontadas durante Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa que indicou sérias irregularidades na gestão dos sepultamentos. Uma das principais queixas é o preço do jazigo perpétuo. Famílias que nunca puderam ter um imóvel são obrigadas, por força das circunstâncias, a comprar ou arrendar um túmulo quando perdem um ente. É uma situação diferente, por exemplo, de cidades de São Paulo, de Minas Gerais ou do Rio de Janeiro, onde há cemitérios municipais em que as famílias têm a possibilidade de fazer enterros mais simples, pagando uma taxa ao poder público. Nessas regiões, há também espaços particulares, mas é uma questão de opção.
Cemitérios no DF
6
Número de cemitérios terceirizados do DF
2.835.551 m2
Área destinada a enterros na capital federal,
o equivalente a 300 campos de futebol
R$ 1.102
Preço de um jazigo com cessão perpétua,
mas o valor é acrescido de taxas
R$ 1.456
Preço de um jazigo com cessão
perpétua de duas gavetas
R$ 1.797
Preço de um jazigo com
cessão perpétua de três gavetas