Até cinco anos atrás, Zé Mulato morava em Taguatinga, mas decidiu largar a cidade. Deixou a casa para um dos três filhos e foi fazer ;pós-graduação em caipiragem; numa chácara a 90km do Plano Piloto, quase encostada na represa de Corumbá IV. ;Não é o céu, conforme eu aprendi, mas se Deus achar por bem, pode me deixar aqui;, verseja um dos integrantes da dupla caipira mais importante do país. (Cassiano, o irmão, continua morando em Samambaia).
;Na realidade sou mato puro;. Sendo assim, o lado de dentro da casa pouco interessa a Zé Mulato. Sala, quatro quartos, dois banheiros, cozinha, camas, sofá, estante, geladeira, freezer, fogão, armários. Tudo prático e popular. É do lado de fora, da varanda para adiante, que o poeta da matutagem passa a maior parte do tempo quando está em casa. E nessa época, entre as festas de fim de ano e depois do Carnaval, quando os shows minguam, Zé Mulato passa o dia tendo aulas de doutorado em caipiragem, acompanhado de dois netos, Pablo, de 9 anos, e Alan, de 5.
A chácara chama-se Meu Céu, título de uma música que ele compôs com Xavantinho. Quase ao alcance da mão, o azul do firmamento cola na Chapada Santa Rosa que contorna aquele trecho da represa. No fundo das águas está o Rio Araras e, a 200 metros, não mais que isso, a casa amarela de varanda voltada para o lago. 
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