Cidades

Júri de acusados de atear fogo em mendigos não tem hora para terminar

Nesta terça-feira (26/2) foram ouvidos uma vítima, dois acusados e seis testemunhas

postado em 26/02/2013 20:01

O de atear fogo em dois moradores de rua de Santa Maria começou por volta das 11h20 desta terça-feira (26/2) e não tem previsão para terminar. Até agora, o Tribunal do Júri ouviu Paulo Cézar Maia, que teve 22% do corpo queimado, dois acusados e seis testemunhas.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), o crime ocorreu quando um dos acusados, o marceneiro Daniel Abreu Lima, teria ficado incomodado com a presença dos moradores de rua Paulo Cézar e José Edson Miclos de Freitas, nas proximidades do comércio dele. Lima, então, teria oferecido R$ 100 para que cinco comparsas o ajudasse a espantar as vítimas do local.

Em seu depoimento, Paulo Cézar, que sofre de esquizofrenia, lembrou o momento de terror que viveu com o amigo. "Da primeira vez, vi quando eles chegaram. Achei que fossem me cumprimentar, mas atearam fogo no sofá. Depois, dormi no chão, perto de José Edson. Acordei quando senti o que parecia água fria. Meu amigo estava pegando fogo. Por conta do cobertor, eu não tinha sido atingido. Quando levantei, senti as chamas. Tiramos as roupas e rolamos no chão. Depois, alguém nos ajudou com toalhas molhadas", relatou.

Em outro momento marcante do júri, Paulo Cézar falou da amizade e da morte de José Édson. A vítima disse ainda que os socorristas do Corpo de Bombeiros os levaram para o Hospital Regional da Asa Norte desacordados.

De acordo com uma testemunha ouvida no julgamento, José Edson, que teve cerca de 63% do corpo queimado pelas chamas, costumava beber e se drogar. A testemunha informou ainda já ter visto mais de 18 pessoas se drogando no local do crime (o que incomodava muito a vizinhança) e já ter presenciado outros moradores ateando fogo nos pertences do grupo de mendigos para que eles deixassem o local.

Entenda o caso


Edmar Pereira da Silva, Lucas Júnior Araújo e Sá, Gervanio Balbino de Oliveira e Daniel Douglas Cavalcante Cardoso teriam ateado fogo na parte de trás de um sofá onde os mendigos estavam deitados, mas as vítimas, com ajuda de populares, conseguiram apagar as chamas e voltaram a dormir. Mais tarde, os acusados, acompanhados do mandante, teriam despejado gasolina sobre as vítimas, antes de incendiá-las.

O julgamento, que começou em 24/1, foi cancelado após o suposto mandante do crime destituir o próprio advogado, Delcio Gomes de Almeida, por conta de uma discussão. O juiz do caso, Itamar Dias, optou por não separar os processos e decidiu adiar o julgamento para esta terça-feira.

O crime
O crime ocorreu na madrugada de 26 de fevereiro de 2012, na QR 118 conjunto H, em Santa Maria. José Edson teve cerca de 63% do corpo queimado pelas chamas, e não resistiu. Paulo Cézar sobreviveu. Testemunhas informaram que as vítimas foram atacadas após rirem dos agressores, que só tinham posto fogo no sofá.

Com informações de Roberta Abreu e Luiz Calcagno

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