Em cima de uma maca da ala de queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), encontra-se Carlos*, 13 anos. Enfaixado dos pés à cabeça, geme por causa das fortes dores provocadas por queimaduras. ;Ele só grita: ;;Fogo, fogo, fogo!’;, nas palavras da mãe, de 33 anos. E pede para ela abrir a janela para poder respirar e afirma que a responsável pela barbárie ;foi a menina;. A jovem a quem ele se refere também tem 13 anos. O adolescente teve um breve relacionamento com ela, mas acabou vítima do ciúme do atual namorado, um garoto de 17 anos recém-saído de um centro de internação do Distrito Federal, onde passou 45 dias por adulteração de placa de veículo. Carlos teve 50% do corpo queimado, segundo nota divulgada pela Secretaria de Saúde no início da noite de ontem. Ele acabou com o corpo incendiado após ser atraído para uma emboscada na noite da última terça-feira.
[SAIBAMAIS]Em entrevista ao Correio, a mãe da vítima disse temer pela morte do filho. ;Estou revoltada, porque isso não se faz. Ele fez uma cirurgia, mas o médico disse que não sabe se ele vai ter sequela. Há risco de morte, de pegar infecção hospitalar, de ficar aleijado porque é uma queimadura de terceiro grau;, contou. Carlos tinha se mudado há quatro meses de Águas Lindas de Goiás com a mãe e quatro irmãos. Segundo a bisavó, o menino trabalhava no lixão da Estrutural e não estudava. Não sabe ler nem escrever.
Apreensões
Os cinco adolescentes acusados de envolvimento na tentativa de homicídio prestaram depoimento ontem na unidade da DCA da Asa Norte. Entre o grupo, há três meninas ; duas de 13 (a namorada e a irmã do principal acusado) e uma de 16 anos (prima) ;, além de Gabriel e o comparsa, de 14. Gabriel admitiu ter armado a emboscada para ;se vingar; de Carlos. Uma das meninas admitiu ainda que todos sabiam das intenções de Gabriel, porém, ao ver que o rapaz seria incendiado, teria pedido para ele parar com a violência. Todos responderão por ato infracional análogo ao crime de tentativa de homicídio. Eles podem cumprir pena de até três anos de medida socioeducativa, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Confira a reportagem da TV Brasília
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