O Itamaraty anunciou que a partir deste sábado (9/3) o diplomata brasileiro que vinha acompanhando as buscas e auxiliando Susana Paschoali e Wanderlan Vieira, pais no rapaz, não fará mais assistência presencial ao casal. A família do estudante de cinema está no Peru desde o fim de dezembro. Amigos e parentes organizam o evento Tarde de Tortas, que acontecerá no dia 24, para arrecadar fundos e contribuir para as despesas da família no exterior.
[SAIBAMAIS]Os pais de Artur Paschoali divulgaram uma carta aberta em que revelam preocupação com a investigações conduzida pelas autoridades peruanas sobre o desaparecimento do estudante de 19 anos em Santa Teresa, no Peru. Ele não é visto desde 21 de dezembro. Hoje, o sumiço completa 77 dias.
Após dois meses de investigação, os policiais passaram a considerar também a possibilidade de Artur ter sido vítima de algum crime, mas não houve avanços nem na descoberta de um possível paradeiro nem rastros de violência. Segundo a família, as buscas, que chegaram a mobilizar 50 homens, estão cada vez mais raras e a equipe de investigação foi reduzida de cinco para dois policiais. "As buscas quase não estão acontecendo mais. Isso nos deixa muito preocupados", disse Felipe, irmão de Artur.
Leia abaixo a íntegra da carta:
"Aos familiares, amigos e profissionais da mídia:
Desde o início de nossa estadia no Peru, em nenhum momento perdemos nossas esperanças de encontrar nosso filho Artur com vida.
Em todo o mês de fevereiro, esse sentimento se intensificou muito, pois a atuação das duas equipes de investigação enviadas a Santa Teresa, DIRINCRI (Divisão de Criminalística) e DIRIN (Divisão de Inteligência), foi muito significativa, passando-nos segurança e otimismo pela firmeza e responsabilidade com que executaram seu trabalho.
Porém, no início do mês de março, apesar de todos os esforços nossos e da Embaixada do Brasil, infelizmente não logramos garantir a permanência desse grupo em Santa Teresa, mesmo após comunicação direta com o Ministro do Interior do Peru.
Desde o dia 02 de março deste ano, já não estamos mais contando com ninguém da equipe da DIRINCRI aqui em Santa Teresa. A equipe da DIRIN, por sua vez, foi reduzida de cinco policiais para apenas dois.
Vale salientar que o desaparecimento do Artur foi registrado na Delegacia de Santa Teresa no dia 22 de dezembro de 2012 e que até o dia 02 de janeiro de 2013, dia de nossa chegada;12 (doze) dias após seu desaparecimento;, a Embaixada do Brasil ainda não havia sido informada do ocorrido por parte das autoridades peruanas.
Já na primeira quinzena de janeiro, ocorreram fatos significativos, acrescidos de informações da população local, de que não se tratava de um simples desaparecimento, mas sim de um possível crime. Nós declaramos isto oficialmente à Fiscalia de Quillabamba (promotoria do município), expondo nossas vidas, certos de que isto poderia dar um novo rumo às investigações. Lamentavelmente, o mesmo não ocorreu.
Faz-se importante esclarecer que durante todo o mês de janeiro, nós (funcionários da Embaixada, Wanderlan e eu) efetuamos imensos esforços junto à Fiscalia de Quillabamba com vistas a dar continuidade à investigação, pois percebemos, de uma forma implícita, um certo desinteresse junto ao caso por parte daquela instituição. Não foram poucas as vezes em que nos deslocamos até aquela cidade em busca de informações sobre o processo, sem sucesso algum.
Suspeitamos que a aparente falta de harmonia durante a passagem de direção das equipes especializadas (o que ocorre mensalmente) vem interferindo na fluidez e eficiência das investigações. A evidente falta de coordenação durante essas trocas de equipe tem feito com que informações sejam perdidas, comprometendo as investigações e frustrando todos aqueles que estão assistindo de perto, especialmente quando considerados os recursos financeiros que estão sendo disponibilizados pelos dois países.
Em face deste relato, temos a nítida impressão de que, gradativamente, o desaparecimento do Artur está sendo colocado em segundo plano, fato este que, mesmo que compreensível devido ao tempo decorrido, para nós, pais, é inconcebível.
Para aumentar nossa preocupação, esta semana recebemos um comunicado do Itamaraty informando que a Embaixada não seguirá dando o apoio presencial após o dia 09 de março de 2013.
Temos a certeza de que nossa insatisfação do quadro atual é a mesma de todos os quase 13.000 novos irmãos e amigos que adquirimos através do grupo VAMOS ACHAR O ARTUR.
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas nesta busca incessante, jamais nos quedamos ante às vicissitudes, pois temos a perfeita convicção de que Deus, nosso Pai Maior, em nenhum momento se afastou de nós.;
Susana Paschoali e Wanderlan Vieira
Confira a reportagem da TV Brasília
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