Guilherme Goulart
postado em 22/03/2013 11:35
Athos Bulcão está para Brasília assim como Antoni Gaudí está para Barcelona. Não há nenhum exagero na comparação. O arquiteto catalão usou e abusou do lúdico e do mosaico de cores para levar o inusitado à paisagem da cidade espanhola e torná-la mundialmente conhecida. Barcelona respira Gaudí e o reverencia com roteiros exclusivos, memoriais, museus e uma incrível catedral - a Sagrada Família - que começou a ser construída por ele em 1883 e só será completada em 2026.O carioca Athos Bulcão, brasiliense de coração, não fez diferente na capital do Brasil. Com traços delicados e provocadores, o artista modernista do alvoroço geométrico deixou um legado de 262 trabalhos, entre fachadas, azulejos, monumentos, esculturas e máscaras. O trabalho do multiartista se expõe nas ruas. Está em teatros, escolas, órgãos de governo, edifícios. Athos revolucionou o revolucionário e ofereceu movimento e leveza ao concreto genial de Oscar Niemeyer. Um privilégio a céu aberto para quem visita a capital do país.
, Athos Bulcão impõe respeito. Se compararmos o reconhecimento dado pelo povo espanhol a Antoni Gaudí, no Brasil de Athos, encontraremos o descaso. É fácil encontrar azulejos destruídos, painéis demolidos e obras sem qualquer tipo de manutenção ou conservação. Nem mesmo existe uma sede decente para que a Fundação Athos Bulcão proteja o patrimônio do artista. Passou da hora de se dar o devido agradecimento a Athos. Acorda, Brasília.
Uma casa digna
Uma das esperanças para a proteção e a conservação do trabalho de Athos passa pela construção de uma sede definitiva para a Fundathos. Apesar de o projeto do prédio estar pronto ; ele é assinado por Lelé Filgueiras, burocracia e dívidas impedem o início das obras. O caso está na Justiça. A assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura informou, há pouco mais de uma semana, que o governo trabalha no sentido de criar um projeto de lei visando solucionar o impasse e doar um terreno para a Fundathos.
(Amanda Maia e Mariana Laboissi;re)