Cidades

Registro do médico Sérgio Puttini, suspeito de quatro mortes, está suspenso

O CRM-DF toma decisão após ser provocado pelo Ministério Púlbico

Luiz Calcagno
postado em 26/03/2013 22:42
O registro profissional do médico Sérgio Puttini, acusado de causar a morte de pelo menos quatro pacientes em processos cirúrgicos, está suspenso. O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) tomou a iniciativa depois de ser provocado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e por parentes das vítimas mortas após operações realizadas pelo especialista.

Especializado em cirurgia do aparelho digestivo, Puttini teria cometido erros durante operações de vesícula, refluxo e esôfago de Barrett, feitas entre 2001 e 2013. As vítimas sofreram hemorragias e infecções generalizadas até três meses após os procedimentos. Parentes das vítimas relatam que, ao questionar o médico sobre os óbitos, ele teria dito que "adotara procedimentos seguros e que os episódios não o colocariam como um mau profissional". Puttini, por sua vez, sempre negou que tivesse ocorrido qualquer negligência.

O chefe da Promotoria de Justiça Criminal da Defesa dos Usuários do Serviço de Saúde (Pró-Vida), Diaulas Ribeiro, já tinha dito, em 26 de janeiro, que o ideal é que a apuração dos supostos erros médicos de Puttini ocorresse com o acusado impedido de trabalhar. Ainda assim, a decisão do CRM só saiu dois meses depois da ação do MP. Ribeiro ressalta que a demora do Conselho em suspender o direito de trabalhar como médico do acusado foi "dentro do normal". Ele explicou que nem todas as famílias de vítimas tinham feito representação contra o cirurgião no órgão de controle da profissão.

Por isso, o Ministério Público teve que reunir todos os processos e apresentá-los ao Conselho Regional de Medicina. Diaulas afirmou ainda que aprovou a iniciativa, mas lembra que o suspeito tem direito a recorrer. "Eu acho que é um resultado bastante positivo. Mas ele pode recorrer, ir para a Justiça, se defender. Tem direito a isso. Está claro que o CRM está atento ao que está acontecendo e tem sido cuidadoso", destacou.

Familiares

O médico ainda pode responder pelas mortes na Justiça Criminal. Mas, por enquanto, o Ministério Público ainda analisa os processos. Dilma Genaína Souza da Silva Moraes, 32 anos, viúva de Cláudio Moraes, morto em junho de 2011, se diz aliviada. "É uma notícia feliz. Outros pais e outras mães não vão passar pelo que passamos. Queremos é que ele pare e outras pessoas não morram na mão desse médico. A gente começa a pensar que a justiça está sendo feita, que as mortes não foram em vão", relatou emocionada. Renato Fernandes, 32, perdeu a mãe, Edma Fernandes. "Isso revela o início de um processo de investigação que pode resultar na cassação e num processo criminal. É o que esperamos", afirmou.

A reportagem do Correio tentou contato com a defesa do médico. No entanto, o advogado não foi localizado.

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